exposição
Um artista ‘nos Jardins da Europa’
Retrospetiva de Jorge Barradas no MNAC
O Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado apresenta, até agosto, a maior retrospetiva de sempre do pintor, caricaturista, artista gráfico e ceramista Jorge Barradas. Com curadoria do historiador de arte Carlos Silveira, a mostra apresenta 70 obras daquele que é considerado uma referência da corrente modernista.
Jorge Barradas (1894-1971) é um dos artistas mais ecléticos da primeira geração de artistas modernos, surgida com as exposições do grupo dos Humoristas na década de 1910. Orgulhosamente autodidata, o grupo utilizava a arma do humor e da caricatura para subverter os convencionalismos das academias e das escolas de Belas-Artes. Para além de se afirmar como um caricaturista inovador, Barradas foi o mais importante artista gráfico dos anos 20, cronista das mudanças sociais e da febre de viver do pós-guerra.
Um século depois do auge da produção gráfica de Jorge Barradas, o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (MNAC) apresenta Jorge Barradas no Jardim da Europa, a maior exposição jamais realizada sobre este multifacetado artista. Cobrindo o período de seis décadas de carreira, a mostra reúne cerca de 70 obras de Barradas, provenientes de coleções institucionais, sobretudo da Fundação Calouste Gulbenkian e do Museu Nacional do Azulejo, e particulares.
Com o título emprestado de uma série de trabalhos apresentada na sua primeira exposição individual, em 1920, esta mostra evoca o modo lúdico, irónico, mas sempre empático com que o artista olhou o Portugal do seu tempo e os desafios da sua profissão.
Jorge Barradas no Jardim da Europa encontra-se organizada em quatro secções, expondo trabalhos de diferentes formatos e técnicas. De desenhos a tinta-da-china a ilustrações e aguarela, da pintura a guache ou a óleo às peças de cerâmica decorativa, passando pelos painéis de azulejos, a mostra dá a conhecer a diversidade e sofisticação técnica deste importante modernista português do século XX.
Além de caricaturista e artista gráfico, “Jorge Barradas foi também o renovador da cerâmica artística, já na década de 40, tornando-se um prolífico ceramista de grande aceitação no mercado e requisitado para inúmeras encomendas de cerâmica decorativa, em edifícios públicos e privados, por todo o país”, diz Carlos Silveira.
Na pintura, o artista realizou projetos como uma viagem à ilha de São Tomé, em 1930, e, já na década de 1960, reinterpretou movimentos de vanguarda como o surrealismo e a abstração gestual. “A sua obra testemunha a renovação das práticas artísticas em Portugal na primeira metade do século XX”, acrescenta o curador.
Jorge Barradas no Jardim da Europa realiza-se no âmbito do protocolo existente entre o MNAC, o Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/NOVA e a Fundação Millennium BCP.