música
Uma celebração da mulher a nove vozes
Projeto Calíope estreia no palco no Teatro Maria Matos
A 8 de março - data em que se celebra o Dia Internacional da Mulher - o Teatro Maria Matos recebe a estreia do projeto Calíope, que reúne nove incríveis artistas portuguesas. Concebido por Marta Hugon (na foto) e Luís Figueiredo, Calíope celebra a mulher enquanto musa criadora, e pretende chamar a atenção para a desigualdade de género, dentro e fora da indústria musical.
Calíope é a primeira das musas da antiguidade clássica, conhecida como “a da bela voz”. É também o nome de um disco que celebra a mulher enquanto musa criadora, composto por nove artistas portuguesas: Marta Hugon, A Garota Não, Aline Frazão, Ana Bacalhau, Elisa Rodrigues, Joana Alegre, Joana Espadinha, Joana Machado e Luísa Sobral.
De acordo com a mentora do projeto, a cantora de jazz Marta Hugon, a ideia surgiu “da constatação de um facto: a de que há ainda um longo caminho a percorrer pela igualdade de género dentro da indústria musical e da sociedade”. Marta recolheu histórias de discriminação “partilhadas por outras mulheres da música, dentro e fora do palco, alunas e mulheres de diversas gerações” e apercebeu-se que “todas se apoiam em valores estereotipados daquilo que é expectável ou aceite por parte da mulher artista. O mito da musa inspiradora é uma dessas narrativas e a vontade de transformá-lo num novo mito – o da musa criadora – nasce nesse contexto”.
Juntamente com o diretor musical Luís Figueiredo, a cantora escolheu “vozes de diversos quadrantes da música, com diferentes abordagens ao tema da criação no feminino, em que cada uma fizesse transparecer a sua vivência enquanto artista mulher”. Nove incríveis vozes femininas, “porque eram nove as musas da antiguidade clássica.”
A 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Calíope apresenta o álbum de estreia no Teatro Maria Matos. Um projeto que não se quer ficar por um único disco, até porque há “muito a fazer pela igualdade de género no nosso país e Calíope é um conjunto de belos testemunhos em forma de canção que eu gostaria que chegassem a todo o país e a todas as faixas etárias”, afirma. A cantora vai mais longe e diz querer chegar “às miúdas que pensam ser instrumentistas, aquelas a quem dizem que nunca vão ser suficientemente boas, mas também aos rapazes e homens que não se manifestam quando assistem a atos de discriminação na escola, na família, no local de trabalho. Calíope é uma amostra daquilo que as mulheres e os homens podem fazer juntos quando têm um propósito comum e, neste caso, quando partilham o amor pela música.”