Viagem ao interior da cidade

A nova Exposição de Longa Duração do Museu de Lisboa

Viagem ao interior da cidade

O Museu de Lisboa - Palácio Pimenta reabriu ao público com uma nova exposição de longa duração intitulada Viagem ao interior da cidade. Ao fim de cerca de cinco anos de preparação, o Palácio Pimenta, no topo norte do Campo Grande, volta a apresentar o essencial da história da cidade e o melhor dos acervos municipais, agora enriquecidos com novas incorporações, novos conteúdos interpretativos e tecnologias interativas.

No passado dia 9 de junho, o Museu de Lisboa-Palácio Pimenta apresentou ao público, pela primeira vez, a nova exposição de longa duração. A renovação do conteúdo museográfico era uma necessidade há muito sentida, como nos explicou Paulo Almeida Fernandes, um dos curadores responsáveis por esta operação. “A exposição anterior datava de 1979 e tinha sofrido apenas algumas renovações pontuais. Estava desatualizada em alguns conteúdos, sobretudo face ao crescente conhecimento arqueológico que temos sobre Lisboa, e também precisava de uma atualização museográfica.”

A nova exposição continua a ter como missão contar a história de Lisboa, mas foi enriquecida com novas incorporações, muitas delas resultantes das descobertas arqueológicas das últimas décadas, bem como com uma nova maneira de agregar e expor toda a informação entretanto recolhida. Aliás, leva a designação de Longa Duração e não de Permanente, justamente porque se pretende que seja periodicamente renovada e enriquecida com peças e conteúdos interpretativos.

Tem como título genérico Viagem ao Interior da Cidade, porque, segundo o curador, “Lisboa é uma cidade de dimensões urbanísticas sobrepostas, uma agregação, sobreposição e subtração, de muitos tempos históricos que nos antecederam.”

O percurso expositivo encontra-se agora dividido em três núcleos essenciais. O primeiro é dedicado à história de Lisboa, com uma linha cronológica que se inicia na pré-história e que se estende até às vésperas do Terramoto de 1755. A este núcleo foi acrescentada uma área inteiramente nova, dedicada aos Registos de Santos em azulejo, oriundos da grande coleção do acervo do Museu. O segundo núcleo, igualmente novo, chama-se Lisboa Cidade Cerâmica e aborda a importância que Lisboa teve como cidade produtora e consumidora de cerâmica. O terceiro é dedicado ao próprio edifício que alberga o museu, enquanto símbolo patrimonial de uma vivência aristocrática da capital, a partir do século XVIII.

Há ainda salas para exposições e projetos especiais temporários. Para Paulo Almeida Fernandes, o modo como os conteúdos são expostos é uma das características mais salientes do novo projeto. “A iluminação criteriosa e os conteúdos interativos dão às peças outros níveis de leitura. É uma forma de explicar como essas peças funcionavam no tempo e no espaço em que foram geradas”, sublinha.

A famosa maqueta de Lisboa pré-terramoto, peça icónica do museu, foi uma das que mais beneficiou com a aplicação de novas tecnologias de interatividade, passando a integrar vários níveis de informação em vídeo e 3D, incluindo projeções de geolocalização. “Houve um grande aproveitamento do projeto de 2010 de digitalização e de associação de conteúdos multimédia à grande maqueta de Lisboa. Pretendemos ampliar esses conteúdos, permitindo-nos explorar mais sobre as Lisboas que precederam a atual e de que muitas vezes não temos perceção.”

A equipa curatorial desta exposição de longa duração incluiu também António Miranda, Margarida Almeida Bastos, Fernando M. Peixoto Lopes e Lídia Fernandes.