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Amor Electro
No Festival Montepio - Às Vezes o Amor
Juntos desde 2010, os Amor Electro são uma das bandas nacionais mais acarinhadas pelo público português. No Dia de São Valentim, o grupo volta a participar no Festival Montepio – Às Vezes o Amor, desta vez no Campo Pequeno, num concerto que promete celebrar o amor, e onde prepararam grandes surpresas – algumas reveladas em entrevista à Agenda Cultural.
Em 2011, chegaram, viram e venceram, com o primeiro álbum, Cai o Carmo e a Trindade. Estavam à espera de causar tanto furor?
Marisa Liz: Todos nós já tínhamos tido projetos anteriores, já andávamos por cá há algum tempo. Eu, o Ricardo, o Tiago e o Rui vínhamos de uma banda de bares chamada Catwalk. Lançar os Amor Electro, editar o primeiro disco e acontecer tudo isto, sinceramente não estávamos à espera. Claro que há sempre esperança, porque se não não fazemos nada para que as coisas aconteçam. Acreditávamos que era possível, achávamos que tínhamos um som próprio, que juntos éramos mais fortes, mas na realidade recebemos muito mais do que estávamos à espera.
A vossa música junta modernidade e tradição, raízes populares e eletrónica. Mistura-se tudo e temos os Amor Electro. Como chegaram a esta identidade?
Tiago Dias: Somos todos distintos a nível de identidades musicais, apesar de nos entendermos todos e de termos uma química única. Aquilo que temos só resulta com estas cinco pessoas. Cada um tem o seu estilo: a tradicionalidade da banda é dada pela Marisa, o Rex é um eclético, o Ricardo pende mais para o jazz, o Mauro para a música alternativa (é o nosso Thom Yorke) [risos], e eu tenho uma vertente mais anglo-saxónica e pop, diria. A junção destas cinco personalidades, cada uma com as suas influências, acaba por resultar nisto. É algo muito natural e genuíno.
Em pouco tempo afirmaram-se como uma das maiores bandas portuguesas da atualidade, somando nomeações, prémios e esgotando concertos. Num país com um mercado tão pequeno, qual é o segredo do vosso sucesso?
TD: A dificuldade não é atingir o sucesso, é conseguir mantê-lo. Essa é sempre a grande questão. Há bandas que surgem com um single que tem imenso sucesso e passado algum tempo caem no esquecimento. É difícil manter esse interesse, ser consistente e manter as pessoas recetivas ao que fazemos. Esse é o grande desafio.
O lado visual é muito importante para a banda. É uma forma importante de comunicar?
ML: Acima de tudo é uma parte divertida. Costuma-se dizer que a primeira impressão é muito importante. Tentamos que a nossa imagem e a nossa música sejam consistentes e que passem uma mensagem no seu todo. Temos a sorte de poder vestir coisas super doidas sem ninguém nos internar, o que é um dos grandes aspetos positivos desta profissão [risos]. Há roupas específicas que nos dão mais força, mais confiança, que fazem com que sejamos mais aventureiros, é quase como um alter-ego. Todos os super-heróis mudam de roupa para irem combater o mal, tem de haver uma explicação para isso [risos]. Não preciso de me sentir a Super-Mulher todos os dias, mas há concertos para os quais nos vestimos de forma mais extravagante, outros de forma mais discreta. Tudo depende da energia do momento, do tipo de público que vamos ter, e, sobretudo, daquilo que precisamos nesse momento. Às vezes estamos a tocar num sítio onde a nossa roupa até pode ser desadequada, mas naquele momento precisamos daquela roupa para nos dar confiança.
O novo single, Procura por Mim, tem a particularidade de ser cantada pelo Tiago, algo de inédito. Cantar com a Marisa foi um desafio?
TD: Sim, quase tive um AVC antes da gravação [risos]. A história desta canção é muito longa, foi uma sucessão de eventos que nos trouxe até aqui. Quando optámos por ter a minha voz, fui sozinho para estúdio ver como é que a coisa corria, para perceber se me sentia confiante. Entretanto regravei com as diretrizes da Marisa, e para mostrarmos à editora o produto final resolvemos fazer uma pequena partida, uma versão um bocadinho diferente… uma coisa assim tipo Pavarotti em final de carreira só para ver qual era a reação [risos].
ML: Tudo o que isto envolve e que a música acarreta, transformou-se em algo muito maior do que todas as complicações que tivémos para chegar até aqui. Foi um processo cheio de entrega, que quisemos partilhar com as pessoas que gostam de Amor Electro. Aliás, o videoclipe retrata a vida das pessoas, são momentos do dia-a-dia a que não normalmente damos importância… Esta música é uma reunião de sentimentos e este é um disco de intenções emocionais, de estarmos mais perto do que achamos mais importante.
Este ano, voltam a participar na edição do Montepio – Às vezes o Amor. O que pensam do conceito do festival?
ML: Um festival no Dia dos Namorados era algo que nunca tinha acontecido. Um evento que decorre em várias cidades, só com artistas portugueses, sempre em salas emblemáticas e onde se pode viver uma noite que, não sendo só para namorados, é uma noite de amor. Há amigos que vão juntos, há pais que vão com filhos… O ano passado até houve um pedido de casamento no Coliseu do Porto e também houve outra coisa muito gira, a kiss cam, como se faz na NBA. Havia um casal mais velho que estava muito entusiasmado, e houve um momento um bocado desconfortável para toda a gente, mas foi uma experiência gira. Basicamente vai ser uma celebração do nosso percurso com as músicas que toda a gente conhece, e outras do disco que está para sair.
Sei que haverá convidados muito especiais. O que podem adiantar?
ML: Vamos celebrar estes últimos oito anos no Campo Pequeno, e queremos muito partilhar estas canções com pessoas de quem gostamos e que admiramos. Uma das convidadas é a Áurea. Não vou adiantar qual é o tema que vamos partilhar, mas posso dizer que vai ser intenso. Outra das surpresas é o grande e único José Cid, com quem temos uma relação próxima. Vamos também ter connosco em palco a grande Teresa Salgueiro, e ainda outros que não vamos revelar já, mas que são igualmente interessantes e completamente diferentes uns dos outros. Vai dar-nos muito prazer ouvir as nossas músicas interpretadas por estas pessoas, artistas muito respeitados no nosso país e com uma forma de cantar muito própria.
No cartaz deste ano, há algum concerto que não podem mesmo perder?
ML: O cartaz é muito interessante, não é fácil escolher, mas gostava de assistir ao concerto da Sara Tavares, Deixem o Pimba em Paz e Resistência.