Os dias de Alex D’Alva Teixeira

As sugestões culturais do músico em Lisboa

Os dias de Alex D’Alva Teixeira

A agenda do músico, dj e cantor tem andado bem preenchida. Esta semana vamos poder encontrá-lo no Palácio do Grilo, numa festa da Quioscoteca, e na próxima estará no LuxFrágil, onde faz a curadoria de uma noite do ciclo 18h às 02h. Pelo meio, ainda nos recomenda a visita a três exposições, uma instalação, uma curta-metragem, uma peça de teatro e outra festa.

Acabou de estar em palco com o Teatro Praga, no espetáculo Audição, e não deve parar tão cedo. Alex D’Alva Teixeira, músico, dj, cantor, designer, ator, entusiasta de moda, enfim, artista multifacetado, é também o curador da próxima noite do ciclo 18h às 02h no LuxFrágil, a 31 de julho. “Fui surpreendido com o convite e acabei por convidar pessoas de quem tenho estado mais próximo no contexto de festivais e com quem ultimamente tenho vivido a noite lisboeta”, diz.

A abrir a programação, Alex terá a companhia de Sónia Trópicos para pôr música no terraço, segue-se um concerto inédito de Larie e Surma, que terão artistas convidados, numa segunda versão de um espetáculo comissionado pelo festival A Porta, e, por fim, a cabine do bar recebe os djs Umafricana e Banu.

“O Lux é a casa de diversão noturna mais emblemática de Lisboa. Todos os artistas internacionais de que gosto vão sempre lá parar. Primeiro achei que não estaria à altura e senti o peso da responsabilidade, mas depois senti que era super fixe estarem a convidar-me para dar a minha visão àquele espaço”, conta Alex D’Alva Teixeira que resgatou as suas memórias do LuxFrágil, como a primeira vez que lá entrou para ver uma das míticas Hard Ass Sessions, da editora Enchufada, ou os concertos das Cansei de Ser Sexy, de Best Youth ou de Best Coast.

Antes do Lux, já esta sexta-feira, dia 25, o músico vai estar, no Palácio do Grilo, a pôr música em mais uma festa da Quiscoteca. Desta vez, o tema são os álbuns Now – Now That’s What I Call Music!, compilações musicais que existem desde os anos 80 do século passado. “Vai ser muita nostalgia. Vamos transformar o palácio numa máquina do tempo”, afirma. É exatamente nesse dia que acontece também uma outra festa, com que Alex dá início às suas sugestões para esta semana.

Planeta Manas’ Closing Party

25 e 26 de julho
Planeta Manas (Prior Velho)

Acontece das 23h59 de 25 de julho ao meio-dia de 26, aquela que é a festa de despedida do Planeta Manas. Organizada pela Mina, associação cultural queer e feminista, promete ser uma noite/manhã de emoções. “É o clube underground mais importante dos últimos anos, em Lisboa – não só pela liberdade artística que é oferecida a quem lá toca, mas também à comunidade que conseguiram criar em torno do espaço. É um sítio onde se celebra liberdade, valores de comunidade e respeito mútuo”, descreve Alex D’Alva Teixeira. “Vai ser uma festa mesmo muito especial e muito emotiva. Espero que encontrem um novo espaço onde as pessoas se possam reunir e divertir, porque o ambiente que se vive ali nunca encontrei em lado nenhum, nem mesmo quando estive em festas em Londres, no Brasil ou na Alemanha. Não há nada que seja assim tão especial. O que estas pessoas construíram é mesmo único.”

Reparations Baby! , de Marco Mendonça

Até 27 de julho
Teatro Variedades

A nova peça de teatro de Marco Mendonça sobre racismo estrutural entra na última semana de apresentações e é uma das sugestões de Alex. “Não sei se está catalogado como uma comédia, mas amei como trata de um tema que é sensível de forma leve, divertida e acessível. Ri imenso durante todo o espetáculo. Recomendo vivamente. É surpreendente, porque ali vemos como pessoas diferentes pensam sobre o assunto.”

Cosmic Sans, de Jorge Jácome

Até 27 de julho
Teatro Variedades

No foyer do Teatro Variedades, antes de entrar para o espetáculo ou depois de se sair, está em exibição uma curta-metragem de Jorge Jácome, coescrita com André e. Teodósio. “Achei muito engraçado. É interessante ver como é utilizado o cinema enquanto ferramenta que nos faz questionar – não só as propostas que o texto coloca sobre a nossa experiência enquanto humanidade, mas também os limites entre videoarte, instalação e uma peça cinematográfica”, nota o músico. “Faz-nos pensar e rir – e nos tempos que estamos a viver atualmente, rir é mega importante, precisamos desse escapismo.”

Ciguatera, de Diana Policarpo

Até 28 julho
Centro de Arte Moderna da Fundação C. Gulbenkian

“É a última semana para ver a instalação da Diana Policarpo e acho que ninguém a deve perder”, começa por dizer Alex. “É a maior instalação, até à data, que criou e é uma experiência mesmo imersiva. Pensamos no oceano a partir da perspetiva de um peixe e acaba por ser mesmo envolvente. Parece que nos convida mesmo a ir ao fundo do mar e a pensá-lo dessa perspetiva.”

Who Where / Quem Onde

Até 7 setembro
Espaço Coleção Arte Contemporânea – Lisboa Cultura

Na exposição Who Where / Quem Onde estão reunidas cerca de 50 peças de arte contemporânea adquiridas pela Câmara Municipal de Lisboa nos últimos anos. “Podemos ver ali obras de vários artistas, como Paulo Lisboa, Diana Policarpo, Ana Vidigal, Ana Jota e muitos outros. É uma bonita curadoria, feita pela Sara Antónia Matos e o Pedro Faro”, destaca o músico que teve “o privilégio”, conta, de tocar na inauguração da mostra. “Recomendo a toda a gente conhecer as Galerias Municipais e, muito particularmente, esta, que era a Galeria da Avenida da Índia e que agora passou a ser o Espaço Coleção Arte Contemporânea – Lisboa Cultura”, destinado a expor o acervo municipal.

Vivienne Westwood: O Salto da Tigresa

Até 12 outubro
MUDE – Museu do Design

Com curadoria da Anabela Becho, esta nova exposição do MUDE reúne cerca de 50 peças da britânica Vivienne Westwood. “É uma das designers que considero ser das mais influentes e icónicas na história da moda. A sua influência transcendeu a moda e chegou a outras áreas, como a música. É quase como se tivesse criado a estética do punk rock. Era quem fazia a roupa dos Sex Pistols, por exemplo. Essa influência foi evoluindo ao longo dos anos e é interessante podermos comparar as peças que criou com peças reais – entenda-se, da aristocracia de outra época – mas também perceber a forma como estudou a volumetria e a anatomia, tal como a arte da confeção e o corpo da mulher, para a criação das suas peças.” Uma sugestão mesmo a não perder, considera Alex D’Alva Teixeira, que ainda dá mais um argumento: “Além disso, nunca tinha estado naquele piso do museu, com uma série de cofres do antigo banco”.

Risoma

Até 23 outubro
Estúdio Desisto

Todas as quintas-feiras, das 11 às 17h30, o estúdio de design gráfico Desisto abre portas para mostrar uma exposição dedicada à risografia, que reúne trabalhos de vários artistas nacionais e internacionais. “São mais de 50 peças, criadas para esta mostra. Ali podemos conhecer a técnica da risografia, uma técnica de impressão muito especial, mas também podemos conhecer um dos estúdios de design mais interessantes de Lisboa, onde acontecem também conversas e workshops e onde se podem aprender coisas relacionadas com o design e com a risografia”, descreve Alex. “Não é comum um estúdio de design ter uma espécie de dia aberto, por isso acho esta iniciativa super interessante.”