Os dias de Denise Fernandes

As sugestões da realizadora para esta semana

Os dias de Denise Fernandes

Uma semana depois da estreia de Hanami, primeira-longa metragem de Denise Fernandes, que teve apresentação mundial em Locarno, onde recebeu dois prémios e uma menção honrosa do júri, a realizadora apresenta as suas escolhas culturais.

Denise Fernandes nasceu em Lisboa e cresceu na Suíça, mas é o país de origem dos pais, Cabo-Verde, que tem inspirado o seu trabalho. A curta Nha Mila, realizada em 2020, sobre o encontro, em Lisboa, entre duas amigas que viveram a infância neste arquipélago vulcânico de África, foi o prenúncio para a primeira longa-metragem: Hanami. Integralmente filmado em Cabo-Verde, o filme acompanha o crescimento de Nana, uma menina que aprende a ficar num local de onde todos querem sair. “É um conto insular, que atravessa partidas e memórias entre Djarfogo, a Ilha do Fogo, em Cabo Verde, e o mundo fora. Filmes como o Hanami precisam de público presente e atento para poderem permanecer em sala. Desejo que o filme encontre o seu público e que quem o veja, o leve consigo por um tempo”, afirma a realizadora.

O filme venceu em Locarno, na secção Cineasti del Presente, os prémios de Melhor Realizador Emergente, Prémio Boccalino de Melhor Argumento e obteve uma Menção Especial do Júri “Primeira Longa-Metragem”. No Festival IndieLisboa, em 2024, arrecadou o Prémio MAX de Melhor Longa-Metragem Nacional. A jovem cineasta realizou ainda Idyllium (2013), Pan sin mermelada (2012) e Una notte (2011). Dia 19 de maio, às 19h, no Cinema City Alvalade há uma conversa após a exibição de Hanami, com a realizadora Denise Fernandes e Marta Lança, fundadora da plataforma Buala.

Le Notti di Cabiria, de Federico Fellini

19 de maio, às 21h30; 23 de maio, às 15h30
Cinemateca Portuguesa

O filme sugerido integra uma carta branca com dez títulos escolhidos por Eduardo Geada, no âmbito do ciclo Eduardo Geada, O Olhar do Desejo, que apresenta uma retrospetiva de toda a obra cinematográfica e uma parte significativa da produção televisiva do cineasta português. “Cabiria é uma personagem maravilhosa, uma força da natureza. Um pouco louca, muito teimosa, absolutamente viva. Procura amor nos lugares mais improváveis e talvez, sem saber, esteja à procura de outra coisa: aprender a gostar de si. Le Notti di Cabiria é um filme que me faz rir e chorar.”

Ciclo Chantal Akerman

A partir de 24 de maio
Cinemateca Portuguesa

A propósito da exposição Travelling, que percorre as várias etapas da carreira da cineasta belga Chantal Akerman (patente no MAC/CCB, até 7 de setembro), a Cinemateca apresenta seis sessões dedicadas a Chantal Akerman. “Este ciclo todo é um presente. Aconselho ver qualquer filme que esteja em exibição. Há um filme no programa que está entre os meus favoritos: News From Home. É uma espécie de carta de afeto (ou de amor) filmada entre Nova Iorque e a voz da mãe da própria Chantal, que permanece na Europa, longe dela. Esse laço epistolar, nesse cenário de ruas e solidão urbana, é qualquer coisa que me toca profundamente, uma conversa entre o mundo exterior e o mundo interior. Todo o ciclo é uma oportunidade de mergulhar na maneira de observar e viver o mundo desta cineasta.”

Entre os vossos dentes, obras de Paula Rego e Adriana Varejão

Até 22 de setembro
CAM – Centro de Arte Moderna da Gulbenkian

“A Paula Rego sempre me pareceu uma espécie de fada. Há qualquer coisa de encantatório no modo como ela pinta, um universo que é ao mesmo tempo feroz, fantástico e profundamente feminino. Fico hipnotizada. Esta exposição junta-a à Adriana Varejão, artista brasileira contemporânea que estou a começar, com muito prazer, a descobrir.”

Qrê Voltá

Novo álbum da Cachupa Psicadélica (lançamento previsto para finais de maio)

“Cachupa Psicadélica é um projeto musical que não se deixa agarrar, atira notas e melodias em todas as direções e, de alguma forma, acerta sempre. A música é hipnótica, experimental, melancólica e groovy. O crioulo cabo-verdiano repousa sobre estas melodias como se tivesse nascido para isso. Qrê Voltá (quero voltar) está para sair e eu espero como se esperasse uma tempestade bonita.”

“P.S: Escrevo estes textos enquanto ouço Amor Cavol, desta banda de piratas, em loop.