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João Ayres

Nanquim preto sobre fundo branco

artes
6 outubro 2022 a 7 janeiro 2023
vários horários
Galeria Zé dos Bois
João Ayres

Nanquim Preto sobre Fundo Branco é uma exposição individual de João Ayres (1921-2001). Ocupando as salas do primeiro andar da Galeria, esta mostra é composta por três conjuntos de pinturas e desenhos, produzidos entre 1948 e 1958.

Em 1944, João Ayres integra o II salão Independentes (exposição coletiva onde, entre outros, participam Fernando Lanhas, Nadir Afonso e Júlio Rezende) no Coliseu do Porto, e a exposição Anual da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa. Em 1946, impulsionado pelo pai, o pintor naturalista Frederico Ayres, muda-se para Moçambique, onde exerce atividade como pintor, com exposições regulares em África do Sul e Brasil. Paralelamente, foi professor de pintura e desenho no Núcleo de Arte em Maputo, tendo formado grande parte de artistas locais como Malangatana, José Júlio, António Bronze, Mankew e Bertina Lopes.

É durante este período que começa de forma mais intensa, a sua prática artística e de onde surgem as suas primeiras grandes telas neo-realistas de temática social que refletem influências surrealistas.

Esta exposição defende o papel de João Ayres enquanto um dos primeiros artistas a retratar a realidade moçambicana através da corrente neo-realista, pintando imagens dos trabalhadores na doca de Maputo, a lamentação da condição social, o tocador de berimbau ou as manifestações culturais autóctones, apontando as diferenças sociais e culturais vigentes na época entre colono e colonizado, sendo este último o protagonista das suas telas. A sua primeira mostra individual, em 1949, reuniu um conjunto destas telas de grande formato, algumas das quais apresentadas na presente exposição.

O segundo núcleo – e aquele que dá título à exposição – é composto por um conjunto de desenhos realizados entre 1956 e 1957 após a sua vinda do Brasil, onde apresentou uma exposição individual no MASP (Museu de Arte de São Paulo), mostrando a corrente concretista no trabalho de Ayres. Afastando-se da figuração, o artista inicia uma exploração de formas, debruçando-se sobre padrões geométricos monocromáticos.

Em finais dos anos 50, a cor entra na sua obra, bem como uma maior liberdade no traço, presente na seleção de desenhos e pinturas reunidos no terceiro grupo da exposição. Nestas obras constam traços de padrões reconhecíveis nos penteados e escarificações da escultura Maconde e também em máscaras de parede do sul de Moçambique.

A programação complementar à exposição é composta por duas sessões de cinema onde se inclui o filme João Ayres, Pintor Independente (2022) de Diogo Varela Silva, bem como visitas guiadas, e uma conferência com Alda Costa, historiadora de arte contemporânea moçambicana.

Segunda a sábado, das 18h às 22h


Ficha técnica:

Curadoria de Natxo Checa

Local: