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Entre Olhares, Encontros (In)Comuns

CAM em Movimento

artes
20 janeiro a 31 março 2023
Biblioteca de Alcântara
Entre Olhares, Encontros (In)Comuns

O Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Gulbenkian e a Biblioteca de Alcântara lançaram um desafio, através de uma open call, a pessoas residentes na vizinhança da biblioteca. Procuravam-se amantes da arte com vontade de sair do papel de espetador e de ocupar o lugar de curador. O resultado desta convocatória pode ser agora apreciado na Biblioteca de Alcântara, numa exposição que contempla 17 obras da coleção do CAM e 14 livros de artista da Biblioteca de Arte da Fundação.

O edifício do Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian encontra-se encerrado para a obras e, por isso, a sua coleção encontra-se fechada nas reservas. De forma a levar o museu para a rua, a Gulbenkian criou a iniciativa CAM em Movimento, onde se insere o projeto Entre Olhares.

A ideia foi criar uma parceria com a Biblioteca de Alcântara no sentido de podermos vir a desenhar um projeto de curadoria participativa, com um coletivo de pessoas amadoras que não têm nenhuma relação profissional com este meio, mas que pudessem vir a assumir o lugar de curador, explica Susana Gomes da Silva, coordenadora de educação do CAM.

Em sessões quinzenais que aconteceram ao longo de seis meses, estas pessoas conheceram a coleção do CAM, pensaram num conceito organizador para essa coleção, desenharam a exposição, fizeram toda a sua comunicação, encontraram os fios condutores, desenharam as tabelas e escreveram o texto de sala. Fizeram, portanto, todo o trabalho que está por detrás de uma exposição. E esta mudança de olhar permite-nos a nós, enquanto instituição, visitar objetos que habitualmente expomos a partir de um olhar que não é o que nós normalmente temos, por ser um olhar que vem curadores informais”, acrescenta. Da open call resultaram cerca de 70 candidaturas, das quais foram selecionadas 17 pessoas, de idades entre os 18 e os 76 anos, originárias de vários países. O objetivo era termos um projeto o mais heterogéneo e intergeracional possível, porque isso cria um tecido social muito diverso que mostra a cidade em que vivemos hoje em dia, conclui Susana Gomes da Silva.

Já Ana Gomes Santos, coordenadora da Biblioteca de Alcântara, afirma que o repto do CAM foi aceite de imediato. A Biblioteca de Alcântara tem no seu ADN esta marca vincada do envolvimento com a comunidade, dos processos participativos. Para nós, é muito importante democratizar tudo aquilo que envolva o acesso à cultura e à arte, e isso só se faz com a participação ativa das pessoas, avança.

Os artistas envolvidos neste projeto selecionaram peças da coleção que lhes permitissem abrir a porta a uma reflexão sobre a importância e a qualidade dos muitos espaços de encontro em que se movem e se querem mover. São trabalhos de pintura, escultura, serigrafia, desenho, fotografia, instalação e livros de artista que os ajudam a explorar diferentes caminhos e leituras, diferentes abordagens para a noção de lugar, de memória, de história, de emoções e de afetos, de dor e de ausência, de amor, de espera e de quotidiano. Esta exposição, resultante da exploração desses muitos caminhos, procura ser o mapa possível de um encontro a muitos olhares e múltiplas vozes.

Um desses olhares e uma dessas vozes é a de Mafalda Vale de Castro, a participante mais velha deste projeto. Decidi participar porque quero perceber cada vez mais o que se passa no mundo da arte contemporânea, quero aprender tudo o que possa para não ficar para trás, e estas sessões ajudaram-me a compreender melhor e a ficar mais aberta a tudo o que diga respeito à arte contemporânea”, explica. Carlota Melo, outra das curadoras informais desta mostra, considera todo este processo “transformador”. “Trabalhar com um grupo de pessoas tão diferente, onde aquilo que nos unia era o gosto pela arte contemporânea e a curiosidade de estar do lado de lá de uma exposição, foi um verdadeiro desafio. Mas um desafio muito generoso, revela.

Até dia 31 de março, é possível testemunhar este “encontro de olhares” através de obras de artistas como Ana Vidigal, Bruno Pacheco, Lourdes Castro, Mónica de Miranda, Noé Sendas ou Vasco Araújo, selecionadas pelos curadores Adriana de Carvalho, Aline de Moraes, Ana Paula Ponichi, Brenda Segura, Constanza Solórzano, Diego Alves, Eduardo Serra, Fátima Durão, José Brito, Mariana Marques Caldeira, Maria Isaura Almeida, Niccolà Galliano, Raquel Moreira, Sofia Alves e Tinno Filho.

No dia 18 de março, o coletivo realiza um Encontro à volta da mesa: Uma Visita-Piquenique, bem como uma oficina de expressão plástica para famílias. No dia 31, às 17h, acontece uma visita orientada à exposição.

Mais informações aqui

Local:

Biblioteca de Alcântara

biblioteca, equipamento municipal
Rua José Dias Coelho, 29 218 173 730 http://blx.cm-lisboa.pt/

bib.alcantara@cm-lisboa.pt