Cordas com Brahms e Nielsen

Johannes Brahms compôs apenas três quartetos de cordas. O último data do verão de 1875, numa altura em que ainda enfrentava as dificuldades de completar a sua primeira sinfonia (já contava quarenta e dois anos de idade). Em contraste, este quarteto não reflete quaisquer contrariedades. Pelo contrário, foi composto num contexto relaxado e aprazível, numa região do vale do rio Neckar com vista para a Floresta de Oden, no sul da Alemanha. Os quatro andamentos desta partitura percorrem quadros idílicos, entre melodias agradáveis e ritmos fluentes. Para trás haviam ficado as demonstrações técnicas aparatosas que sobressaiam nos outros quartetos.

Logo na década seguinte, Carl Nielsen juntou àquela mesma formação instrumental uma segunda viola d’arco e compôs o seu único quinteto de cordas. Na linhagem dos quintetos de cordas do próprio Brahms, mas também de Beethoven, Mendelssohn e Schubert, é uma obra de início de carreira que ainda não reflete aquela singular impressão que o compositor dinamarquês cunhou na História da Música, sobretudo no capítulo da música sinfónica. Ainda assim, é música de câmara de primeira água. Merece bem a pena dedicar meia hora do nosso tempo a esta partitura tão cuidada, pelo modo efervescente como articula melodias de cariz popular e ritmos dançáveis com os recursos técnicos herdados dos clássicos.

Programa
J. Brahms Quarteto de Cordas N.º 3
C. Nielsen Quinteto de Cordas

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