Castro

Logo após ter dirigido A Morte de Danton, já como diretor artístico do Teatro Nacional de São João, Nuno Cardoso decidiu fazer a sua primeira incursão no cânone da dramaturgia portuguesa, ao levar a cena a pioneira das tragédias clássicas em Portugal: Castro, da autoria do poeta quinhentista António Ferreira.

Animada por “uma leitura particular do drama histórico/lenda/mito dos amores de Pedro e Inês”, sublinhada numa “espécie de maquete gigante dos espaços da ação” capaz de nos colocar “face à intimidade concreta de personagens que se revelam cativas de si próprias e da sua irredutibilidade”, o encenador aposta numa visão enaltecedora da “modernidade e densidade intrínsecas, veladas pela poesia da linguagem e pela elocução”, que se encerram naquele que será, a par de Os Lusíadas, o mais belo texto da língua portuguesa.

Castro acompanha o último dia de vida de Inês de Castro, esgrimindo as ilusões do amor com a implacabilidade da razão de Estado, as quais, incompatíveis, conduzem à tragédia que todos conhecemos e que, intemporalmente, se inscreve na identidade portuguesa como nenhuma outra.

[texto de Frederico Bernardino/ACL]

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