Carlos No

Nesta mostra será apresentado um conjunto de esculturas e desenhos, na sua maioria inéditos, criados recentemente pelo artista tendo em vista o espaço físico, e bastante particular, da Galeria Monumental.

O artista procurou deste modo estabelecer contactos formais com o mesmo – outrora um espaço de habitação íntimo e privado; bem como conceptuais, ao remeter-nos para a ideia de casa como espaço de proteção mas também como local fechado, de clausura e esquecimento.

Carlos No partiu assim de conceitos como os de compressão, ruptura, quebra e tensão para nos remeter para imagens de prisão, opressão, dor e isolamento – não no sentido de algo resultante da decisão do próprio indivíduo, seja por demência ou vontade consciente, mas sim de uma situação causada ou perpetrada pelo outro, seja ele individual ou coletivo.

Tratam-se, portanto, de obras que nos remetem ao mesmo tempo para um passado histórico nacional, relativamente recente – o do Estado Novo e da Ditadura – assim como para outros acontecimentos bem mais recentes, ainda presentes em muitos países do nosso planeta.

Carlos No retoma assim temas sociais que tem vindo a trabalhar ao longo dos últimos anos da sua carreira, retratando problemas que continuam a afetar milhares de pessoas em todo o mundo como os da ausência de liberdade, das prisões sem julgamento e/ou direito a defesa, da tortura, do isolamento ou desaparecimento forçado, para não falarmos mesmo de morte.

Fosso é, por conseguinte, uma reflexão plástica sobre os conceitos de liberdade, perda e ausência.

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