Blasted
Sarah Kane/ João Telmo
Na episódica, mas influente carreira de Sarah Kane (1971-1999), Blasted – que, em Portugal, na tradução de Pedro Marques, se intitulou Ruínas, e Jorge Silva Melo e Paulo Claro encenaram logo um ano após o suicídio da autora – ficou conhecida por ser muito mais do que a obra de estreia da dramaturga britânica. Blasted foi um daqueles casos raros em que uma peça de teatro é capaz de causar, como lhe chamou o Royal Court Theater, “uma tempestade mediática”, motivada por acesas manchetes nos jornais e por audiências indignadas com a representação dita “gratuita” da violação e da tortura num cenário de guerra.
Escrita em 1995, e supostamente passada num quarto de hotel em Leeds, onde no exterior se trava uma guerra civil, a peça é habitada por três personagens: Ian, um jornalista alcoólico, racista e homofóbico; Cate, a jovem burguesa com quem ele mantém uma relação tóxica e abusiva; e o Soldado que se vai apoderar psicológica e sexualmente de Ian, “descrevendo-lhe as atrocidades que concretizou e testemunhou desde que a guerra eclodiu até ao momento em que uma bomba é propelida e deixa o quarto de hotel em ruínas”.
Reflexão crua e brutal sobre a violência, Blasted é hoje unanimemente considerado um texto essencial da dramaturgia contemporânea. A versão de João Telmo, que agora chega a Lisboa, estreou no ano passado, no Porto, no âmbito do FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica. [Frederico Bernardino/CML-Agenda Cultural Lisboa]
Ficha técnica:
Nova Companhia. Sarah Kane, texto; João Telmo, encenação; Bernardo Lobo Faria, Graciano Dias e Margarida Bakker, interpretação.
12 € - preço normal (ver descontos aplicáveis)
9 € - Dia do Espectador - quarta-feira
Local: