António Trindade
Just flow

Experienciar sensações novas, raras e por vezes interditas são sempre momentos apetecíveis e tentados, quer por experiência directa, quer por pensamentos ou sensações oníricas. Esta ideia e vontade de liberdade ainda mais se acentua nos recentes ciclos de pandemia que obrigaram a confinamentos rígidos e ao encerramento do ser que se viu condicionado a emergir em realidades virtuais como o tele-trabalho. Mas esta recente emersão virtual do homem em espaços fechados e confinados, provocada não só pelos efeitos dos recentes ciclos da pandemia como também de outros constrangimentos e interdições, suscitam ou reacendem no espectador novas emersões, por vezes com uma mensagem política subjacente mostrada ocasionalmente pelo acto transgressivo como a inclusão do elemento do fumo, por exemplo, perturbador de ambientes.Nestas realidades emersivas, só aparentemente impossíveis, mostram-se corpos aparentemente à deriva, muitos deles em escorço, deambulando, vagueando, nadando e boiando, em finais de tardes e noites e em águas de geografias diversas e desconhecidas.
Nesta série de trabalhos encontram-se figuras femininas em mares, rios e piscinas, que por vezes parecem estar em sono profundo ou em estados sonâmbulos e à deriva, sem rumo, fluindo em águas cercantes. Nesta emersão de figuras flutuantes e deambulantes em escorço, vem também à memória e é uma referência a pintura renascentista da representação de Cristo em escorço de Andrea Mantegna, emersa num silêncio desconcertante. Outro aspecto que quis explorar nesta série de pinturas foi a tensão de determinadas situações deliberadamente encenadas, na realidade quase ou mesmo impossíveis. (…)
António Trindade
Segunda a domingo, das 10h às 19h
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