Este evento já ocorreu.

Antero e a “Serpente Amarela” de Baudelaire

Conferência de Ana Rocha

24 outubro 2018
18h30
Centro Nacional de Cultura
Antero e a “Serpente Amarela” de Baudelaire

No belíssimo soneto O Palácio da Ventura, Antero de Quental sonha que é um “cavaleiro andante”, “paladino do amor”, buscando o “palácio encantado da Ventura”, mas “desmaia exausto e vacilante / Quebrada a espada já, rota a armadura”. Quando, por fim, o avista, dentro encontra só “silêncio e escuridão – e nada mais!” Neste poema admirável, os seus momentos de dúvida e de incerteza, de esperança e de desesperança, estão bem patentes. Antero adoeceu gravemente em março de 1874 e foi a Paris consultar o célebre médico Jean-Marie Charcot que lhe fez um diagnóstico imprevisto: “vous avez une maladie de femme transportée dans um corps d’homme; c’est l’hystérisme”. Uma doença de mulher no corpo de um homem. Na realidade, ao longo da vida, o poeta viveu em luta constante contra doenças mais ou menos latentes no seu organismo. Ora convalescendo de uma crise nervosa em Guimarães, na quinta de Sant’Ana, ora confinando-se ao seu quarto de enfermo onde passou semanas e meses em estado depressivo crónico e em profunda prostração, torturando-se com crises de solidão. Baudelaire escreveu “tout homme digne de ce nom / A dans le cœur un serpent jaune”. No coração de Antero de Quental, a “serpente amarela” foi a doença incurável, que ao longo de décadas o envenenou espiritual e intelectualmente. Antero e a “Serpente Amarela” de Baudelaire é tema da conferência que Ana Rocha, Mestre em Filosofia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, profere no Centro nacional de Cultura.

Local:

Rua António Maria Cardoso, 68 213 466 722 http://www.cnc.pt