Os Poetas de Amália
Dia Mundial da Poesia
No ano de 1950, Amália cantou pala primeira vez um poema de Pedro Homem de Melo no admirável fado Fria Claridade. A cantora teve receio da reacção do poeta, mas este sentiu uma grande comoção ao ver-se transmitido de forma tão vibrante e agradeceu-lhe por ter “feito subir a sua poesia até ao povo”. A relação de Amália com os grandes poetas estendeu-se a David Mourão-Ferreira, Alexandre O’Neill, José Carlos Ary dos Santos, Manuel Alegre, e muitos outros, mudando definitivamente a história não só do fado, mas da música popular portuguesa. A qualidade desses versos potenciou a genialidade interpretativa de Amália e a sua proverbial relação expressiva com o texto. Nos anos 60, Amália decide em conjunto com o seu fiel colaborador desse período, o compositor Alain Oulman, cantar “contra ventos e marés” o maior de todos os poetas de língua portuguesa, Luís de Camões. Entretanto, a cantora havia já timidamente escrito o poema para um dos temas icónicos do fado, Estranha Forma de Vida, mas foi só na última década da sua carreira que se dedicou a cantar a sua própria poesia, criando verdadeiros momentos de antologia: Lágrima, Grito, Lavava no Rio, Lavava (impressionada por este poema, Marguerite Yourcenar escreveu o texto A Atroz Ausência do Desejo). Nas comemorações do Dia Mundial da Poesia, o CCB homenageia Os Poetas de Amália, através de leituras, de conferências e de espetáculos. Ocasião ideal para, no ano do centenário do seu nascimento, celebramos Amália relembrando os versos de David Mourão Ferreira, um dos poetas que mais e melhor cantou: “Eu sei meu amor / Que nem chegaste a partir / Tudo, em meu redor, / Me diz que estás sempre comigo”.
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