MOTELX

A 16.ª edição do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa está de regresso à capital e o grande destaque é o cinema de terror português. Uma homenagem ao produtor Paulo Branco, vários títulos nacionais em competição e sessões especiais são alguns dos momentos altos do evento. Há ainda, na Cinemateca Portuguesa, várias retrospetivas e debates no âmbito do programa FILMar, que visa restaurar e digitalizar cinema relacionado com o mar. Nos filmes internacionais destaque para o regresso de Dario Argento na competição internacional, e para realizadores estreantes na secção de Curtas Internacionais. De salientar ainda o programa dedicado aos mais novos, Lobo Mau, que inclui workshops, um peddy paper e sessões de sustos curtos.

O lançamento do livro O Quarto Perdido do MOTELX – Os Filmes do Terror Português (1911–2006), resultado de uma década de pesquisa sobre as origens de um hipotético terror nacional, é um momento importante do festival e coloca em destaque o cinema nacional. São exibidos três títulos, de autores presentes no livro: O Convento, de Manoel de Oliveira, O Fascínio, de José Fonseca e Costa e Coisa Ruim, de Tiago Guedes e Frederico Serra, todos produzidos por Paulo Branco, homenageado na secção Quarto Perdido.

Na seleção oficial há dois filmes portugueses: a estreia mundial de Criança Lobo (2022), de Frederico Serra, sobre uma lenda que assombra uma assustadora aldeia de Portugal; e Os Demónios do Meu Avô (2022), de Nuno Beato, a primeira longa-metragem de animação stop motion feita em Portugal, inspirada nas figuras de barro da ceramista Rosa Ramalho. Uma história sobre o regresso aos lugares da infância e a uma existência ligada à terra, que neste caso tem como cenário a paisagem transmontana.

O cinema português está também em destaque com a exibição, no Teatro São Luiz, do filme mudo Os Crimes de Diogo Alves (1911), de João Tavares, primeira obra de terror português com materiais fílmicos. O filme, um dos preferidos de Bernardo Sassetti, conta com música do pianista que é interpretada ao vivo pelo combo da Escola Superior de Música de Lisboa. Há ainda duas outras sessões especiais: A Praga (Brasil, 2021) obra que foi recentemente encontrada e restaurada, e A Última Praga de Mojica (Brasil, 2021), de Cédric Fanti, Eugênio Puppo, Matheus Sundfeld e Pedro Junqueira, sobre o resgate deste filme inédito.

Dos muitos filmes internacionais destacam-se:

Dark Glasses, de Dario Argento, um dos mestres do terror que está de regresso com um filme que teve estreia, este ano, em Berlinale. A história segue uma jovem que ao fugir de um assassino em série, num dia em que um eclipse cobre o sol de Roma, tem um acidente de viação e fica cega. Para o cineasta italiano este é o culminar do seu percurso como autor;

Holy Spider, de Ali Abbasi, o realizador iraniano percorre as ruas de Mashhad, no Irão, para recontar a história verídica de Saeed Hanaei que, entre 2000 e 2001, matou cerca de 19 mulheres. A narrativa centra-se em Rahimi, uma jornalista que desce ao submundo da cidade sagrada de Mashhad, para investigar o chamado “Assassino de Aranhas”, que mata prostitutas;

Final Cut, de Michel Hazanavicius, um remake francês do filme nipónico One Cut of the Dead, de Shin’ichirô Ueda, que ganhou o Prémio do Público no MOTELX 2018. Uma comédia de terror que conta com nomes conhecidos do cinema francês, entre eles Romain Duris e Bérénice Bejo, e onde uma equipa em rodagem de um filme low budget sobre zombies é atacada por zombies reais;

E por fim Huesera,  primeira longa-metragem da realizadora mexicana Michelle Garza Cervera,  que recebeu em Tribeca o prémio Best New Narrative. A história acompanha Valeria, grávida pela primeira vez. A felicidade que a jovem e a família sentem é arruinada por visões arrepiantes que assombram Valeria e que a levam acreditar estar amaldiçoada por uma entidade sobrenatural, a Huesera.

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