Helena Almeida e Artur Rosa
O Outro Casal

As fotografias de Helena Almeida (Lisboa, 1934, formação em pintura), foram sempre registadas pelo marido, Artur Rosa (Lisboa, 1926, arquiteto e escultor). A explicação dada pela artista tem tanto de simples como de revelador: “É sempre ele. Porque é importante que as fotografias aconteçam no lugar físico em que eu as pensei e projectei. E como tal tem que ser alguém próximo de mim. Mas antes faço sempre desenhos das situações que quero fotografar. Aliás, a partir da década de 80 passo a usar o vídeo para experimentar, porque um gesto pode ser muito enganador: uma mão mais para o lado é já outra coisa. Então, ensaio primeiro com a câmara […]. Eu quero a fotografia tosca, expressiva, como registo de uma vivência, de uma acção” (Helena Almeida em entrevista a Isabel Carlos in Helena Almeida. Milano: Electa, 1998, p. 46).
O lugar físico é o atelier. Lugar onde cresceu, já era o atelier do seu pai, o escultor Leopoldo de Almeida, autor, entre outras obras, do conjunto escultórico do Padrão dos Descobrimentos e uma das figuras mais proeminentes da estatuária da década de 40 e 50 do séc. XX em Portugal.
Helena Almeida, mais do que criar obras especificamente para um lugar ou um sítio, parece antes afirmar que o lugar é o atelier e o atelier é o seu mundo. Daí que as fotografias tenham que ser tiradas no sítio onde o trabalho se desenvolveu (o atelier). Daí que as fotografias tenham que ser registadas por alguém do seu círculo, por alguém da sua intimidade. O processo quase sempre se inicia pelo desenho: Helena Almeida desenha primeiro as posições, os movimentos em que o seu corpo será registado e depois, em sessões a dois, faz-se fotografar por Artur Rosa. Mas por vezes Artur Rosa também entra na imagem.
Esta exposição centra-se precisamente nesses registos em que os dois aparecem, tanto em fotografia como em vídeo. O título remete em diferido para o casal que dá nome ao museu, Arpad Szenes e Vieira da Silva, mostrando assim a obra de outro casal: Helena Almeida e Artur Rosa. Para além de que encontramos, nomeadamente na obra de Arpad, várias representações da temática do casal.
Terça a domingo, das 10h às 18h
Local: