Fátima Mateus

Foi num dia de arrumações, ao encontrar umas quantas fotografias, totalmente desinteressantes e prestes a seguirem o rumo de tantos outros objectos em desuso, que pensei se poderia resgatá-las da mediocridade e inutilidade em que se encontravam. Já há uns anos que o meu atelier é, também, uma espécie de laboratório de alquimia, e é da mistura de materiais que têm saído séries inteiras, histórias feitas a partir da união e/ou separação dos produtos que tenho á mão no momento, muito como faço na cozinha, mas isso é um outro capítulo. E assim fiz! Ao trabalhar as fotografias duma forma aleatória e intuitiva, a reacção química transformou-as, como numa revelação, literal e figurativamente! Removendo as partes mais escuras, foi como dar á luz cidades, em partes e ruínas, campos com horizontes a perder de vista, nostalgias de um Alentejo abandonado, florestas ao longe e árvores de perto. 

Fátima Mateus

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