Espetro, travessia não binária

“Esta performance pertence a um ciclo de criações sustentado pela obra do filósofo Paul B. Preciado. Partindo de temas como o corpo político, identidade e género, propõe-se debater sobre o sistema binário. Afinal, a nossa identidade assenta numa multiplicidade repleta de devires: as possibilidades de travessia são inesgotáveis. Ao pensar que existência precede essência, chegamos à ideia defendida por Focault de que é preciso superar o Homem. Pensar que somos um, ninguém e cem mil, muito para além do nosso cartão de cidadão. Pensar que quando fluímos entre as construções sociais de masculino e feminino, abrimos todo um campo de existências infinitas e a vida avança. Caso contrário, iremos tentar ser sempre os mesmos, andando à procura de algo que no fundo, já se perdeu. Trazemos em nós o anúncio profundo de novos mundos que precisam, urgentemente, de ser criados. Quebrando com sebastianismos que adormecem a capacidade de acção (e só alimentam crenças limitantes), compreender que a criação desses começa, nada mais nada menos, na desconstrução de velhos armários onde é impossível cabermos mais. A spoken word e a electrónica fundem-se numa performance site specific que procura a poesia através dos músculos, criando disrupção desconstruindo binarismos sociais e artísticos e convidando-nos a pensar corpo, identidade e arte como campo abertos e mutantes, travessias múltiplas e possibilidades inesgotáveis.” Marco Lima

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