Elsa Rebelo

Procuro outras valências da terra, suas características naturais, a sua voz. Agrada-me trabalhar diferentes terras e pigmentos como quem lhes dá finalmente liberdade de sair do estado latente em que se encontravam.

Numa curiosidade constante e uma avidez exploratória, uso a terra como expressão do eu em diálogo com as matérias. As texturas, traços, formas, cores, brilhos ou ausência deles, numa curiosidade constante e a mesma voracidade exploratória de fazer a terra falar.

Os traços das mãos, marcados nas superfícies, falam para além do que é visto e descrito. Vou deixando a minha identidade em cada “Criatura”, não com o sentido de pertença, mas como reminiscências de comunhão com todos os que me iniciaram nesta aventura que é a cerâmica, os velhos mestres oleiros e outros “alquímicos” desta arte.

Movimentos rítmicos lembram órgãos internos do corpo, desde o amassar a terra, ao tratamento das superfícies num processo de gestos livres, cada “ Criatura” é para mim uma surpresa, uma personalidade a desvendar antes e depois do fogo.

Muitas Outras Criaturas produzem imagens pictóricas de paisagens interiores ou exteriores, vividas ou imaginadas, numa espécie de contaminação ou mimetismo que comunicam ideias e emoções. As várias esculturas têm significados fluidos que podem cruzar-se em diversas conotações promovendo a reflexão e olhar sobre as matérias, o físico e o volátil, a matéria e espírito, assim como tudo o que há entre eles. Criaturas de um novo mundo à conversa, ligadas pela expressão e liberdade de ser.

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