La Cerisaie (O Cerejal)

Mesmo antes de ter estreado, O Cerejal dirigido por Tiago Rodrigues era já um espetáculo histórico. Pela primeira vez, aquela que é muito provavelmente a maior atriz europeia da atualidade, a francesa Isabelle Huppert, iria interpretar Tchékhov. Por outro lado, O Cerejal consagrava, como nunca antes acontecera, um encenador português na meca do teatro europeu e mundial, dando-lhe honras de regressar em grande (antes, Rodrigues apresentara António e Cleópatra e Sopro em Avignon) e ocupar o Cour d’Honneur du Palais des Papes, principal palco do Festival de Avignon. O resto da história é sabida: a 5 de julho deste ano, na manhã que antecedia a estreia do espetáculo e o arranque do festival, Rodrigues era publicamente anunciado como o sucessor de Olivier Py na direção do Festival de Avignon.

Mas, voltando a O Cerejal, o espetáculo chega a Lisboa no arranque de uma digressão que levará esta visão de Rodrigues sobre uma das obras-primas do teatro mundial às grandes salas europeias. Um olhar sobre O Cerejal que procura enfatizar a tragicomédia do mundo que muda e ultrapassa a compreensão humana, ainda mais quando, neste momento, toda a humanidade parece viver um tempo excecional que tende a ser, simplesmente, o novo normal. Ou, dito de outro modo, e para citar o próprio Rodrigues, “este é Um Cerejal para um mundo que ainda está por vir.”

Para além de Isabelle Huppert, no papel de Lioubov, a aristocrata que está de regresso à propriedade que as dívidas obrigam a vender a um antigo servo, Lopakine (Adama Diop), no espetáculo destacam-se as presenças da atriz portuguesa Isabel Abreu e dos músicos Hélder Gonçalves e Manuela Azevedo. FB

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