Troianas

Não podia vir em melhor altura, este espetáculo. Renata Portas encena Troianas, de Séneca, em busca do “gesto bárbaro, violento” – e da sua raiz – presente em qualquer guerra. No momento em que assistimos a uma escalada de violência que parece espalhar-se por todo o mundo, vale a pena refletir sobre este “amor pela bomba, como diria o Dr. Strangelove de Kubrick”.

É o que se faz nesta produção da companhia Público Reservado. O que nos leva constantemente ao conflito, o que nos faz não aprender com o passado e insistir em guerras que, já sabemos, nunca fazem sentido? Olhando para gregos e troianos, o que conseguimos nós ver?

“Com Séneca, podemos interrogar de novo o lugar a que relegamos o Outro, esse desconhecido e o verbo como um punhal”, escreve a encenadora. Afinal, porque será tão difícil a empatia? A Agamémnom havemos de ouvir, no ato II de Troianas: “Sobre mim recai a culpa de todos: quem não impede um crime quando pode, ordena-o”. GL

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