Toda la Luz del Mediodía
Julián Pacomio

Nesta peça, o zénite da luz convoca também o seu contrário: o cansaço, o torpor, a suspensão. A luz do meio-dia não ilumina apenas — pesa. É nesse instante que o corpo abandona a verticalidade e se entrega à horizontalidade da sesta, como um burro exausto que se deita à sombra. O trabalho opera sobre essa passagem: do excesso de energia à quietude, da hiper-exposição ao apagamento. Toda la Luz del Mediodía procura trazer essa hora solar para um espaço interior. Como traduzir cenicamente uma luz que é tanto física como simbólica? Como encenar um tempo que, paradoxalmente, é estático e intenso? A peça é uma coreografia do quase-nada, uma atenção ao corpo no seu ponto de colapso — entre o calor e o repouso, entre o visível e o apagado.
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