Fredrik Vaerslev em Portugal
A obra de Fredrik Værslev, vista recentemente no Museu Nacional de Oslo, explora como a pintura pode evocar imagens familiares — pores-do-sol, bandeiras, cortinas, janelas — sem as representar diretamente.
O seu políptico Untitled (Sunset 1) sugere a experiência de um pôr-do-sol por meio de linhas horizontais e transições de cor, em vez de uma representação literal. A sua série de bandeiras, centrada na bandeira portuguesa, reflete sobre a tensão entre símbolos nacionais e a intervenção pictórica. Inicialmente impressas em serigrafia, cada bandeira é modificada com alterações de cor, distorções ou marcas semelhantes a graffitis, desafiando a ideia de unidade patriótica.
Essas intervenções questionam o poder simbólico das bandeiras, especialmente em tempos de tensão política — como o pano de fundo do comício de Trump em 2024 ou a polémica em torno da nova identidade visual de Portugal.
A escolha de pintar apenas bandeiras portuguesas num contexto norueguês acrescenta uma camada de ironia. Poucos noruegueses reconhecem o símbolo, enquanto, em Portugal, as obras podem provocar interpretações nacionalistas ou desconforto. A repetição e variação da mesma imagem estão alinhadas com o interesse de Værslev na serialidade e no legado de artistas como Jasper Johns e Louise Lawler — onde o contexto e a apresentação moldam o significado.
A série Curtains (Cortinas) faz referência à improvisação doméstica, onde tecidos desencontrados atendem a necessidades estéticas e práticas. Essas obras, frequentemente marcadas por manchas e linhas fluorescentes, descolam-se da sua utilidade para se afirmarem como pinturas.
Terça a sábado, das 10h às 19h
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