Eduardo Luiz na Coleção Manuel de Brito

Culto, torturado, amargurado, intransigente, irreverente, conflituoso, irónico, teatral, atravessou a vida tentando alcançar a perfeição na pintura, treinando as mãos e os olhos, frequentemente lembrando o projeto que tinha em mente de fazer um livro para ensinar a “verdadeira” pintura. Por vezes, magoava violentamente os seus amigos, mas com a mesma frequência os fascinava com o seu talento.
A sua pintura extremamente rigorosa, por vezes em trompe l’oeil, cheia de símbolos emblemáticos, onde a par da poética dos corpos intocados de mulher, frequentemente fragmentados, de rostos ausentes, ou fugidios ou ainda tapados com véus, de paisagens idílicas, das representações sexuais dos frutos, dos jogos de panos, fitas e bandeiras, encontramos a violência de corpos humanos e de animais esfolados, de miolos e de carne pendurada no açougue. Tudo isto tendo, quase sempre, um fundo negro.
Fez o seu autorretrato, a que chamou póstumo, onde se vê a sua figura, refletida num espelho, estilhaçada por um tiro. Poucos anos após, lavou os pincéis, arrumou o atelier, sentou-se à mesa para jantar, encostou a cabeça à mão e morreu. E ficou para sempre no lugar do seu exílio.
Terça a sábado, das 10h às 19h
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