Bruno Veiga

A mostra reúne uma série de 12 fotografias que exploram os vestígios da transformação urbana em Portugal, numa instalação que dialoga com o próprio estado de conservação vs transformação do espaço da galeria – que justifica uma visita in loco, para se entender o estado das coisas no espaço expositivo e na forma como essa condição foi assumida em consequência do tema (edifício junto ao miradouro de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto).

Inspirada no filme homónimo de Wim Wenders, a série surge de encontros fortuitos, captando elementos como tapumes, ruínas e materiais de construção, que assumem valor simbólico. As imagens revelam a tensão entre o transitório e o permanente, entre o centro em mutação e as periferias em resistência.

A exposição não é um inventário de demolições, mas uma meditação sobre os silêncios, ausências e cicatrizes da cidade. Como aponta Bárbara Silva, nas imagens de Veiga o que vemos é o silêncio imposto a construções que um dia pulsaram vida. Marcas de portas, azulejos e janelas sugerem memórias de espaços outrora habitados — agora, convertidos em ruína e desalento.

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