José Manuel Castanheira
Pedra da paciência
José Manuel Castanheira regressa à Monumental para implantar uma cenografia em rima plástica: sabe que esta é a única galeria de arte que tem uma Pedra da Paciência onde os visitantes se sentam, solitários ou em companhia, às vezes vários em fila, encostados à parede, numa pausa bem-vinda a verem passar obras de arte e artistas, a sentirem sem muitas vezes fixarem o espaço que os acolhe e convida a estar, a verem passar o tempo que há 40 anos os vê passar a eles e tudo vê[…]
Porque esta exposição estabelece igualmente uma rima literária – ou não fosse este o mais literário dos nossos artistas, leitor e escritor de sustentos de processos, de desenhos, de criações, de afectos, e memórias. José Manuel Castanheira, o arquitecto, o cenógrafo, o artista plástico, o poeta que encontrou a chave que abre a porta para as nuvens onde parece muitas vezes pairar ele próprio […]
Além de artística e literária latu sensu esta é uma exposição epistolar, uma epistolografia para ver e para ler – cada quadro, uma voz, uma amizade ou uma descoberta na biblioteca do mundo, no pensamento e no olhar. Cada desenho, um texto.
E olhando o espaço assim dominado por esta instalação de vida, o banco, os quadros e os textos entregues ao livro prometido, entre o olhar e o tempo, entre o desenho e o livro, uma pergunta nos fica: quem está sentado nesta «Pedra da Paciência»?
Ana Maria Pereirinha
Terça a sábado, das 15h30 às 19h30
Local: