Íris Neves

Nesta instalação, desenho e escultura encontram-se num diálogo íntimo. As obras a preto e branco, com linhas repetidas, ritmos quebrados e geometrias orgânicas, evocam uma cartografia imaginária – uma espécie de mapa do pensamento, onde cada traço se expande como se fosse caminho, fronteira ou energia em circulação.

No espaço expositivo, as esculturas funcionam como desdobramentos tridimensionais desses mesmos gestos gráficos. As pequenas formas, encerradas na vitrine transparente, multiplicam-se como se fossem sementes ou caracteres de um alfabeto ainda por decifrar. Ao lado, uma peça isolada, maior, afirma-se quase como um totem: a materialização de um signo que escapa ao papel e ganha corpo no espaço.

Entre o bidimensional e o tridimensional, o conjunto sugere um fluxo contínuo – da linha ao volume, da repetição ao movimento, da ideia ao objeto. O visitante é convidado a percorrer estas obras como quem percorre uma partitura, deixando-se levar pelo ritmo, pela densidade e pelo silêncio dos intervalos.

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