Vasco Maio

A palavra monastério provém do grego μ (monasterion), formada pela raiz monos – “sozinho”οναστήριον – e pelo sufixo terion – “lugar destinado a uma prática”.

Pensar a prática artística à luz dessa etimologia é reconhecer o ateliê como um espaço de isolamento produtivo, em que o afastamento não significa ruptura com o mundo, mas, paradoxalmente, abertura ao mesmo.

É no ateliê que a subjetividade e o sensível se encontram com a presença da matéria, instaurando um campo de experimentação em que interioridade e mundo se entrelaçam.
Na essência é sempre o artista, sozinho, diante de sua prática, que elabora uma proposta – uma reflexão sensível que se projeta para além das paredes do ateliê – oferecendo ao mundo um gesto desse encontro.

Neste conjunto de trabalhos, o artista detém-se na ideia de lugar e na vibração de uma atmosfera. O firmamento, sempre presente, desenha-se na linha do horizonte, enquanto ao centro se abre um espaço impregnado de silêncio. É a imagem de um instante suspenso, carregado de tensão – o sopro que antecede o acontecimento. Uma metáfora para os tempos de incerteza que hoje nos envolvem.

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