Cíntia Coutinho

For The Time Being parece reiterar o colapso do racionalismo do projeto da Modernidade, enquanto abdica e joga divertidamente com a operação de elementos ortogonais e cartesianos, construindo vertiginosos labirintos visuais e guardiões figurativos remetidos a um simulacro quase abstratista, onde é possível situar o indeterminado contra o imperativo do real. 

Ao cruzar essas fronteiras entre diferentes materialidades e combinar planos e superfícies, a artista convida o espectador ao movimento, reforçando a conceção de possíveis desenhos no espaço expositivo que entregam uma tridimensionalidade de outra natureza, tal qual um móbile de formas e cores variadas que se sustentam em equilíbrio e, contudo, podem ser deslocados conforme o olhar de quem os acompanha.

Nesta exposição, a artista cria uma métrica irregular a fim de embaralhar as diferentes experiências relacionais de se estar no mundo, enquanto reivindica arqueologias solidárias que ora perambulam entre conceitos fixos, ora em arbitrários. 

Não se trata, todavia, de experimentar traçar contornos de uma nova criação, que correria o risco de ser mitológica, mas de questionar o hiato vital que separa o lógico do infantil, o encerrado do aberto, enquanto se arrisca, nesse jogo, a atravessar o enigma da cosmologia material e espiritual da maneira como se vê.

Andressa Tata Coutinho

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