No início, um jornal. Que as crianças folheiam, onde identificam notícias, umas insólitas, outras mais mundanas, e a partir do qual fazem uma escolha: que histórias escutar? A primeira grande decisão do leitor – e a primeira grande decisão dos espectadores de Sr. Ninguém, de Gustavo Vicente.
As notícias, essas, não são sobre a atualidade jornalística. São histórias intemporais, quase todas recolhidas e adaptadas de Rosas de Atacama, de Luís Sepúlveda. Nelas fala-se de homens, mulheres – e até de um cão! – que se recusam a ceder, que resistem inconformados, que fazem pequenas revoluções anónimas. Não é para isto que os jornais servem? Para mostrar porque é que a vida merece ser vivida?
Os jornais impressos parecem coisas de outro tempo, materiais em desuso, para os quais as novas gerações olham desconfiadas, desinteressadas. Que relação têm as crianças de hoje com as notícias? Em que momento, e de que forma, entram nas suas vidas? Há uma idade para começar a ler jornais? Para se ler sobre o que se passa no mundo? Não basta s-a-b-e-r ler?