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Roberto Santandreu

Fluxos

artes
7 janeiro a 6 fevereiro 2021
vários horários
Sociedade Nacional de Belas-Artes
Roberto Santandreu

Roberto Santandreu apresenta 26 fotografias de grande dimensão (1410x910mm) impressas em papel Canson, dando a ver o invisível, real reduzido, sintetizado, em tampas de esgoto, no chão de várias cidades.

A obra de Roberto Santandreu, na sua produtiva diversidade, apresenta linhas de continuidade e coerência, reconhecíveis nos trabalhos que agora expõe. Desde logo a tomada da realidade como ponto de partida da fotografia, neste caso, o real reduzido, diria sintetizado, em tampas de esgoto, no chão das cidades. Essa surpreendente redução, já antes experimentada, é cruzada com outra linha da obra do autor: o real, ou a sua representação, é apenas pretexto para uma assumida reflexão filosófica, literária ou ontológica a que sempre submete o seu e o nosso olhar. E é nesse jogo entre o que revela e o que oculta mas sugere, que Roberto Santandreu coloca o Homem e a sua condição, mesmo nos casos em que nem a sua sombra é visível.
O objecto aqui fotografado sob diversas formas e de diferentes geografias pertence, no plano do real, à mais baixa categoria dos equipamentos urbanos, esconde os dejectos e os tubos circulatórios da actividade humana, na sua dimensão estritamente biológica e tecnológica. Oculta o intolerável e o feio útil. Contudo, num plano mais vasto, essas aberturas, rasgadas no asfalto ou na calçada, são portas fechadas para a obscuridade e para o inconsciente colectivo que tememos escancarar. Ameaça e protecção, são forjadas em ferro e aço e manipuladas por homens que, de tempos a tempos, vemos emergir, laboriosamente, numa cadeia que nos reenvia para a condição social dos “intocáveis” da nossa urbe civilizacional, pródiga para uns e devoradora para os demais.

Elisa Costa Pinto

Segunda a sexta, das 12h às 19h, sábado, das 14h às 19h


Ficha técnica:

Curadoria de Jaime Silva

Local: