Pink Flamingos

Em 1964, Susan Sontag escreveu em seu Notes on Camp que existe uma espécie de sensualidade, uma certa perversão, mas improvável de se identificar com ela – conhecida como o culto, chamado camp. Uma espécie de sensualidade que se reflete no amor pelo antinatural, pelo artificial e pelo exagerado, que dá corpo a um triunfo do “estilo” sobre o “conteúdo”, “estética” sobre a “moralidade”, ironia sobre a tragédia. O camp começa a inspirar quando nos apercebemos que a “sinceridade” por si só não é suficiente. Os padrões estéticos do camp manifestam-se na artificialidade e na teatralidade como um ideal. A sensibilidade ao camp só é possível em sociedades de abundância capazes de experimentar a psicopatologia do excesso.
50 anos depois, no essencial nada mudou e o camp continua a existir na arte e na cultura popular; além disso, continua a ser uma espécie de visão do mundo. Num contexto de total domínio do “texto” na cultura, há uma aguda falta de sensualidade visual, e uma redundância associada à pretensão reflete essa nova sensibilidade.

Programa:

Sessão I – 22/09
Performance de Cammisa Buerhaus
Projeção no ecrã:
– Mike Kuchar. Sins of the Fleshapoids. 1965. Film. 43’, DVD
– Pirate TV. 1989 – 1992. Video series, 8’, mp4

Sessão II – 23/09
Projeção no ecrã:
– ABCC (Alexandre Camarao and Bernardo Simões Correia). instagram.com/a__b__c__c. 2018, 8’44’’, mp4
– Renèe Helèna Browne. Sacred Disease (2019). 19’27’’ + 5’51’’, mp4
– Ricardo Branco. Rute. 2017, 29’, dvd

Sessão III – 24/09
Performance de Rashid Laachir
Projeção no ecrã: a confirmar

Sessão IV – 25/09
Projeção no ecrã: a confirmar

Sessão V – 26/09
Performance de Daniel Pizamiglio
Projeção no ecrã
– Anna Studinovskaya. Green on Red. 2016. Video, 6’38’’, mp4
– Guto Parente and Uirá Dos Reis. Doce Amirante. Film. 70’, dvd

Sessão VI – 27/09
Projeção no ecrã: a confirmar

Local: