No dia seguinte ninguém morreu
A partir de José Saramago
No dia seguinte ninguém morreu.
A morte faz greve e não aparece. Ou, melhor, não se sabe dela.
Talvez tenha partido para uma reflexão de força maior. Quem sabe? E agora?
Ninguém morre. E sem a morte o sistema como o conhecemos entra em falência. Seguradoras, bancos, agências, hospitais, enfim todos os negócios que têm interesses económicos e que provêm da morte parecem colapsar…até mesmo o Estado – tal como numa pandemia!
Só que a morte regressa e com ela a normalidade (ou uma nova normalidade): ela decide que não é justo aparecer sem avisar e como tal decide enviar previamente uma mensagem para que o destinatário se possa apaziguar com os seus.
Só que há um dia – há sempre um dia – em que uma mensagem é devolvida. Intrigada com aquela situação a morte propõe-se averiguar quem é o sujeito que não recebe a missiva, que se recusa a morrer. Depara-se com um artista, um músico meio ausente. A morte decide ir ver um espetáculo dele para o matar, mas o inimaginável acontece.
No dia seguinte ninguém morreu.
Ficha técnica:
Trimagisto. A partir de “As intermitências da morte” de José Saramago. Carlos Marques, criação; Carlos Marques e Jorge Palinhos, texto; Carlos Marques, Chissangue Afonso, Lúcia Caroço, Filipa Jaques e Pedro Moreira, intepretação.
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