Lúcia David

Mais de 500 dias de explosões, estrondos e crateras emitindo extremo nível de poluição, ou mesmo radiação mortal. 500.000 Homens perdidos em batalha. Milhares de feridos e traumatizados. Perda de vidas, território desperdiçado, população asilada, crianças perdidas.

Um país que se transforma num “para sempre” ferro velho. Uma visão distópica para o futuro. Uma guerra eterna financiada pela ambição e pela corrupção. Um ecocídio de proporções bíblicas. Sem solução à vista. Decisões ímpias.

Narrativas densas e brutais são difíceis de sistematizar e transformar em peças de arte. Este grupo de trabalhos desenvolvidos ao longo de 579 dias de conflito (onde a verdade é a primeira vítima) é composto de metáforas visuais propositadamente limpas de violência gráfica e em tons sombra, numa tentativa de representar o “ fog of war” que se instala num clima de permanente e imparável propaganda.

A narrativa aparece em dois tons, cinzento para perda e branco para juízo final onde as almas perdidas tentam racionalizar o que acabou de acontecer aos corpos vivos.

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