Lourenço de Castro

Interessam-me as questões relacionadas com a origem, a constituição da imagem, de um modo concreto, físico, evidentemente visual. Continuidade, afinidade, transformação, desenvolvimento. Gesto aleatório como via de acesso e com um potencial de desbloqueamento. Faço uma associação entre as imagens e a condição humana. Contínua transformação biológica e mental. Acto contínuo de trabalhar a matéria e dar lhe um significado. Como se a maté ria fosse a testemunha e vítima de uma obsessão, para apaziguar uma inquietação e possibilitar atingir um equilíbrio precário.

É sempre um salto no vazio, um mergulho numa imensidão sem gravidade, em que o apoio é o corpo e a sua memória, meio condutor através do qual se atinge algo sempre inesperado, mas que paradoxalmente sempre existiu (corporiza-se enquanto objeto com a gravidade inerente), ganha autonomia, vida própria, mistério da criação ou será um espelho momentâneo? É sempre um encantamento com um ser visível que se vai tornando, oscilando entre uma luminosidade e uma face oculta.

Lourenço de Castro

Local: