Língua

Este é um espetáculo assumidamente bilingue que partiu da recusa dos criadores em, pelo menos desta vez, fazerem parte do problema e contribuir para ele. E, por “problema” entenda-se o fonocentrismo em que assentam “as relações de poder e de privilégio que estruturam há muito essa coisa chamada teatro”. Falamos, evidentemente, do lugar de privilégio de que o espectador comum usufrui quando vai ao teatro, sabendo “que tudo pode, tudo vê, tudo ouve e tudo percebe.”

Ora, em Língua,  Cátia Pinheiro, José Nunes e Diogo Bento decidem questionar este contexto de privilégio, retirando do “canto do palco discreto”(onde em algumas sessões de uns poucos teatros se coloca o intérprete a traduzir aquilo que os atores dizem) a Língua Gestual Portuguesa (LGP), pondo-a em cena, a par da língua portuguesa. Deste modo, este é um espetáculo inteiramente bilingue porque une dois veículos de comunicação numa “proposta de reflexão sobre uma ideia de língua”, de modo a questionar “possibilidades, limites e identidades.”

Mas, Língua procura ir ainda mais longe, e progride para transformar o palco num “espaço onde LGP, língua portuguesa e todas as outras línguas escritas, visuais ou imagéticas são bem-vindas.” FB

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