Jean-Paul Chambas
Le grand fantastiqueur
O prazer de redescobrir Chambas. Deixámo-lo na exposição retrospectiva dos seus cinquenta anos de pintura no Musée Estrine em Saint Rémy de Provence e na vasta Abadia de Flaran, com os seus grandes e muito grandes formatos que remetem para Manet, Vélasquez e Goya, pintores que venera e a quem, como diz com toda a frontalidade, gostaria de telefonar quando não tem solução enquanto pinta.
Jean-Paul, temporariamente impedido de pintar grandes telas, trocou o grande cavalete pela sua mesa de trabalho e os pequenos formatos de papel grosso de aguarela com uma paleta tão densa como sempre, por vezes saturada, por um conjunto de miniaturas semelhantes a iluminuras no fundo de alguns incunábulos… Há algo de cadavre exquis nestas aguarelas, aguarelas espessas longe do encanto das transparências e do branco do papel como única luz. Há também, e sobretudo, mistério…
Foi A Tentação de Santo António, a obra-prima de Jérôme Bosch vista em Lisboa há alguns anos e de que se tinha esquecido, que lhe voltou, sem mais nem menos, como se fosse um dado adquirido.
Jean Marie Bénézet (setembro 2023)
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