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Enheduanna, a primeira escritora da história?

Por Isabel Gomes de Almeida

literatura
24 novembro 2020
18h00
Biblioteca Nacional de Portugal
Enheduanna, a primeira escritora da história?
A precoce invenção da escrita na Mesopotâmia, em cerca de 3200 a.C., originou uma profícua produção literária, desde muito cedo, neste espaço civilizacional. Ao longo dos séculos, múltiplas gerações de escribas cristalizaram, em signos cuneiformes, o imaginário mítico-religioso transmitido oralmente, no seio das suas comunidades. Tal, levou à produção de um corpus literário extraordinário e riquíssimo, que não só expressou as idiossincrasias culturais da terra Entre-os-Rios, como marcou de forma indelével as mentalidades de outros mundos da Antiguidade.
Habitualmente, alia-se a função de escriba aos agentes históricos masculinos, dado que as funções tradicionais das mulheres desta civilização estavam, em regra, circunscritas ao espaço doméstico. Contudo, ao longo dos mais de três mil anos que perfazem a história da antiga Mesopotâmia, são muitos os exemplos de mulheres que sabiam escrever e que produziam obra literária. Um desses casos, o mais antigo identificado até à data, é o da princesa Enheduanna, filha do primeiro unificador político deste território, Sargão de Akkad (c. 2300 a.C.).
Enquanto membro da família real, Enheduanna foi conduzida ao ofício de suma-sacerdotisa do templo da divindade lunar, na cidade de Ur. No âmbito deste cargo, produziu múltiplos hinos dedicados a vários deuses, que a levaram a ser reconhecida como poeta pelos próprios mesopotâmios, nos séculos seguintes. Partindo da análise destes hinos, pretendo avaliar a agência literária de Enheduanna, mas também a sua acção política, que contribuiu activamente para a afirmação da dinastia acádica.

Entrada livre (limitada a 21 lugares com inscrição prévia para: rel_publicas@bnportugal.gov.pt)


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