Diogo Gonçalves e Pedro Huet
Electric dreams

O gesto manipulador e o acaso são dois dos elementos que Diogo Gonçalves envolve no seu espaço escultórico. Estas ações funcionam como geradores de energia contida, que daqui partem para reverberar no espaço. A matéria das suas esculturas expande e contrai, simultaneamente, os corpos, enquanto o olhar segue a matéria, e assim perdura em loop. São eles que caracterizam a presença, a existência de vultos e que emergem no vazio. Tais vultos, sombras que disfarçam narrativas, são subversões de um intelecto que alberga a capacidade de conhecer todas as forças em atuação na natureza e a posição de todas as coisas que compõem o mundo.
Os trabalhos de Pedro Huet inserem-se num projecto que o artista vem a desenvolver a partir de Croma, uma jarra que guarda em si inúmeras possibilidades narrativas cómico-trágicas. Este objecto transforma-se num campo imagético fértil para o nascimento de várias figuras ficcionais, entre elas algumas apoiadas na forma de jarras. Croma é como que um contentor de histórias, narrativas, que se desdobram em planos e passagens. Aludindo à personificação de um objecto, ao qual é atribuída a capacidade de uma camuflagem constante, sabemos estar perante uma imagem que vive e que, de forma encriptada, dá corpo e voz a jogos fonéticos e a dicotomias subversivas.
Um sonho sugere um estado extra-mundo ou extra-realidade, um devaneio preenchido paralelamente à utopia de perseguição do sentido na própria existência. De um sonho podem porvir estados, ideias e atos, que rapidamente se propagam e se materializam. Podemos preenchê-los de ilusões, de fantasias e auto encontros. Porém, ao dotá-los de uma característica eletrizante, remetemos à sua potência primordial. A eletricidade dá ao sonho um sentido trêmulo e vibrante, entre o repouso e o movimento.
M. João Teixeira
Segunda a sexta, das 13h às 19h
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