Diogo Evangelista e José Taborda

Nesse sentido, para tratar a terceira e última condição, o espaço ou a circunstância, lembrava-me da definição de Walter Benjamim sobre a origem das obras de arte. Quando afirma que estas surgiram “a serviço de um ritual, primitivo mágico e depois religioso. É, pois, de importância decisiva que a forma de existência desta aura, na obra de arte, nunca se desligue completamente da sua função ritual. Por outras palavras; o valor singular da obra de arte “autêntica” tem o seu fundamento no ritual em que adquiriu o seu valor de uso original e primeiro.

Os rituais, hoje, vivem um tempo de manifestações heterodoxas, omnipresentes e simultaneamente marginais, mas continuam a ser a desocultação da névoa de chumbo da banalidade. Emergem dos sistemas coletivos ou individuais como experiências onde a realidade simbolicamente passa a ser uma outra coisa.

Aqui, os vossos trabalhos levam-nos a esse reino: a luz que fixa em desenhos de orbitas, um candeeiro onírico, um pêlo de mamute que repousa num pente corriqueiro. Abrem para a estranheza da função ritualística dos objetos. Como outrora os objetos etnográficos que provocaram uma poderosa atração aos artistas modernos.

João Sarmento SJ (extrato do texto de exposição)

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