Albrecht Dürer
Uma obra-prima e um intrigante rosto português
O retrato de Jakob Muffel, pintado por Albrecht Dürer em 1526, cedido pela Gemäldegalerie de Berlim, é bem demonstrativo das capacidades que fizeram de Dürer um dos grandes retratistas do Renascimento.
Seguindo o modelo de composição em “busto”, a figura recorta-se sobre o fundo azul num modelado pormenorizado, de efeito escultórico, delineando graficamente toda a figura.
Jakob Muffel (1471-1526) foi quase exatamente contemporâneo de Dürer (1471-1428), habitavam ambos a cidade de Nuremberga e há provas documentais da amizade entre os dois. Muffel desempenhou cargos importantes em Nuremberga, foi vereador desde 1502 e tornou-se presidente da cidade em 1514.
Este retrato foi provavelmente uma encomenda oficial, dado que no mesmo ano Dürer pintou outro, do mesmo tamanho, do senador de Nuremberga Hieronymus Hotzschuher.
Para além desta “obra-prima”, um segundo retrato levanta um interessante e delicado problema de atribuição e de identificação do personagem. Baseia-se num retrato de um português desenhado por Dürer em 1521, de que se conhecem três versões pintadas. Em 1587, Philippe Galle gravou a imagem identificando-a com Damião de Góis, o que se afigura impossível pois os dois homens não se cruzaram. A chapa da gravura viria mais tarde a ser adulterada para passar também ela por obra de Dürer. O facto de estar inacabado permite-nos conhecer o processo criativo da obra. É possível que o retratado seja João Brandão, feitor português em Antuérpia quando Dürer visitou a cidade.
Terça a domingo, das 10h às 18h
Ficha técnica:
Gemäldegalerie/MNAA.
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