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Cinema no outono
Programadores de festivais revelam novidades, convidados e filmes
A sétima arte é protagonista em outubro com vários festivais de cinema, onde filmes documentais e de ficção, produções nacionais e internacionais e personalidades ligadas ao mundo do cinema marcam presença. O novíssimo LAFF – Lisbon Arab Film Festival, a incontornável Festa do Cinema Francês, o muito esperado Tribeca Festival Lisboa, o sempre vibrante e obrigatório Doclisboa e os "femininos" Olhares do Mediterrâneo estão em destaque, com os diretores e programadores a sublinhar os momentos mais importantes das edições deste ano.
Os diretores e programadores de cinco festivais de cinema, que se realizam no mês de outubro em Lisboa, revelam as principais novidades, convidados e, claro, os filmes que todos vão querer ver.
LAFF – Lisbon Arab Film Festival
1 a 5 outubro
Quando a franco-tunisina Saoussen Khalifa chegou a Portugal, há cinco anos, reparou que “havia muitas semelhanças e influências do mundo árabe em Portugal”, mas “havia pouca consciência destas ligações”. A necessidade de mostrar este cruzamento de culturas foi o ponto de partida para a realização do Lisbon Arab Film Festival.
Nesta primeira edição do evento procura-se promover o diálogo entre culturas e oferecer uma visão das sociedades árabes de hoje, contrariando ideias estereotipadas. Da programação, João Gonçalves, destaca o filme de abertura, Everybody Loves Touda, do franco-marroquino, Nabil Ayouch, que marcou presença no festival de Cannes e que foi escolhido como o candidato de Marrocos aos Óscares
Mas há mais: Bye bye Tiberias, de Lina Soualem, documentário focado na ocupação de Israel na Palestina, e o filme da sessão de encerramento, Inshallah a Boy, drama de Amjad Al Rasheed, filmado na Jordânia, são “imperdíveis”.
Festa do Cinema Francês
3 outubro a 30 novembro
A Festa do Cinema Francês celebra 25 anos. Kátia Adler, diretora desta mostra anual, afirma que “a Festa tem cada vez mais público” e nesse sentido, este ano pela primeira vez, “há cinco filmes em competição, todos antestreias, com o objetivo de conseguir ainda uma maior participação do público.”
Do vasto programa destacam-se duas novas secções: Rir à grande e à francesa, que apresenta filmes de comédia, porque como diz a diretora da festa “estamos a precisar de rir e de ir ao cinema”; e Uma Língua, Múltiplos Olhares, que exibe obras que resultam de coproduções franco-belgas. Kátia Adler salienta ainda um filme que a marcou muito pela sua cinematografia: O Sucessor, de Xavier Legrand, um thriller que se revela surpreendente e que é “uma pérola”.
Em novembro, ainda no âmbito desta edição da Festa, a Cinemateca Portuguesa apresenta uma retrospetiva integral da obra do cineasta Chris Marker (1921-2012).
Tribeca Festival Lisboa
18 e 19 de outubro
“Queremos que o festival seja uma celebração do melhor da cultura pop e do cruzamento entre o talento nacional e internacional. Para isso, teremos grandes filmes internacionais trazidos para Lisboa pela equipa da Tribeca Enterprises, mas também produções nacionais, dando palco aos storytellers e aos criativos do nosso país”. É assim que Mónica Serrano descreve o propósito da primeira edição do Tribeca Festival Lisboa, marca que nasceu em Nova Iorque e que chega agora a Lisboa.
O programa inclui ainda séries, podcasts, atuações musicais e conversas ao vivo com estrelas internacionais e nacionais. Os norte-americanos Whoopi Goldberg, Robert De Niro e Griffin Dunne, a estrela internacional Daniela Ruah, e os portugueses Ricardo Araújo Pereira e César Mourão, são algumas das personalidades presentes no evento.
Dos filmes a exibir destacam-se obras premiadas como Anora (vencedor da Palma de Ouro em Cannes), Griffin in Summer, In the Summers e Bob Trevino Likes It, e filmes portugueses como Podia Ter Esperado Por agosto, Azul e O Afinador de Silêncios.
Doclisboa – Festival Internacional de Cinema
17 a 27 outubro
A 22.ª edição do Doclisboa, a primeira sob direção da produtora mexicana Paula Astorga, apresenta um programa que promove o diálogo entre presente, passado e futuro, permitindo uma série de reflexões sobre o cinema atual. Estar à frente do Doc “é uma grande emoção e foi uma surpresa gratificante dirigir um festival que está muito bem posicionado internacionalmente e que é muito aguardado pelos lisboetas”, salienta Astorga.
Da programação, o programador Luca D’Introno destaca duas retrospetivas: uma dedicada ao cineasta mexicano Paul Leduc (1942-2020), que abre com o filme Reed – Mexico Insurgente, uma joia única descoberta na Cinemateca Portuguesa; e, outra, com curadoria de Jean-Pierre Rehm “que reflete sobre o modernismo a pensar no futuro, olhando para o passado”.
De salientar ainda os filmes de abertura e encerramento: Sempre, o mais recente trabalho de Luciana Fina, e O Dia Que Te Conheci, do cineasta brasileiro André Novais Oliveira.
Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival
31 outubro a 7 novembro
O cinema feito por mulheres oriundas de países do Mediterrâneo está de regresso naquela que é a 11.ª edição do Olhares do Mediterrâneo. O tema deste ano, Revolução e Quotidianos, procura, nas palavras de Silvia Di Marco, “vincar que a revolução não é um evento fechado no tempo, mas que continua e se renova. Por um lado, porque as transformações são necessárias, por outro, porque nenhum progresso é garantido”. Demonstrar que, como diria Natália Correia, “a cultura é que transforma as mentalidades” é outra ideia que o festival promove.
Neste sentido, destaca-se a estreia mundial de A Mulher que Morreu de Pé, de Rosa Coutinho Cabral, precisamente sobre Natália Correia, mulher que é figura incontornável na luta pela liberdade. Destaque também para o país convidado, a Palestina, que é homenageado com uma retrospetiva, na Cinemateca Portuguesa, dedicada a realizadoras da diáspora palestiniana. Nota final para o filme de abertura, que serve de mote à retrospetiva: The Teacher, da britânica-palestiniana, Farah Nabulsi.