Revelar os ilustres desconhecidos

Nova edição do Festival Robalo Antena2 no Auditório do Liceu Camões

Revelar os ilustres desconhecidos

Vem aí a sexta edição do Festival Robalo, que dá a conhecer o que há de novo no jazz e na música improvisada contemporânea. A Agenda Cultural de Lisboa conversou com Gonçalo Marques, um dos programadores, que nos revelou o que podemos ver e ouvir de 17 a 21 de julho, no auditório do Liceu Camões. Não se aflija se não conseguir bilhete ou não puder estar presente, já que os espetáculos vão ser transmitidos em direto na Antena2.

Criado em 2018 pela editora independente Robalo (que, entretanto, evoluiu para associação) numa parceria com a Antena2, o Festival Robalo Antena2 prepara-se para a sexta edição. Durante cinco dias, o auditório do Liceu Camões recebe dez concertos de jazz e música improvisada contemporânea transmitidos em direto pela Antena2. Como nos conta Gonçalo Marques, programador do evento, “a ideia é divulgar os vários estilos dentro deste género musical. Pretendemos ter músicos de várias gerações, alguns de fora de Lisboa, e há também uma preocupação com a questão de género”.

Numa altura em que decorrem outros festivais de jazz, a maior preocupação da organização é promover o que é menos conhecido: “programamos música que achamos que é boa, por isso é natural que ela passe também noutros sítios, mas tentamos ter projetos que não estão ainda a rodar muito. Um dos objetivos da associação é proteger as pessoas que não têm tantas oportunidades, ou porque estão numa fase inicial da carreira, ou porque são esteticamente muito específicas. Queremos dar este estímulo inicial à criação para ajudar grupos que ou ainda estão muito no início ou que são quase de nicho.”

“Queremos ajudar grupos que ainda estão muito no início ou que são quase de nicho”, diz-nos o programador Gonçalo Marques ©Francisco Levita/CML-ACL

Apesar de haver várias nacionalidades de músicos dentro dos grupos, a maioria são portugueses, “não apenas de forma a proteger os músicos nacionais, mas também por uma questão prática. Claro que preferíamos que houvesse uma mistura maior de nacionalidades, como também gostávamos que houvesse maior mistura geracional. Temos mais músicos jovens, mas pessoalmente gosto muito da mistura entre músicos mais experientes e músicos mais novos”, afirma o programador.

“O jazz e a música improvisada

devem ser ouvidos ao vivo”,

sugere Gonçalo Marques

Passemos ao alinhamento. A iniciar o certame, logo no dia 17, há uma atuação do trio luso britânico Practically Married + João Pereira, que aproveita a ocasião para lançar um disco. Segue-se um concerto de Aurin, do guitarrista Simão Bárcia. Ainda dentro dos lançamentos de discos, no dia seguinte há concerto do projeto de João Carreiro, Samuel Gapp e João Sousa. Nesse dia, há ainda atuação do ensemble constituído por músicos da Robalo e da associação Porta Jazz.

A 19 de julho, destaque para Forget about Mars, da pianista Debora King e no dia seguinte, é tempo de ouvir o projeto da pianista catalã Clara Lai, o único totalmente internacional deste festival.

No último dia, o festival abre com os Mirakelhund, grupo do trompetista João Almeida, um quarteto com músicos dinamarqueses. A finalizar, o imperdível concerto de Beast, um projeto que junta músicos de várias gerações: o saxofonista americano John O’Gallagher, Samuel Gapp, Zé Almeida e João Lencastre.

O programador Gonçalo Marques deixa o convite: “o jazz e a música improvisada devem ser ouvidos ao vivo”. No entanto, quem não puder comparecer pode sempre ouvir em direto à emissão da Antena2. O que interessa é ficar ligado, até porque “muita da música que vai passar é irrepetível, não só pela sua natureza de música improvisada, mas também pelo facto de serem grupos que não são muito conhecidos – ou porque estão a começar, ou porque envolvem músicos estrangeiros.”