O regresso às salas

Reabertura das salas de cinema a 19 de abril

O regresso às salas

O Regresso do Cinema às Salas podia ser o título de um filme, uma sequela do que vivemos em 2020, mas como já percebemos a realidade ultrapassa em muito a ficção. Felizmente, a 19 de abril, os cinemas voltam a abrir portas e a programação cinematográfica é variada e aliciante. Ciclos, sessões especiais e vários filmes candidatos aos Óscares marcam este tão aguardado regresso.

O Cinema Nimas apresenta uma programação diversa. Depois de vários adiamentos é finalmente exibido O Ciclo Rever Joseph Losey – Cineasta Essencial. Uma oportunidade imperdível de conhecer o encenador e realizador americano, que viveu exilado em Inglaterra e cuja obra, marcada por temas controversos como a corrupção, o preconceito racial e as questões sociais e políticas, foi amplamente reconhecida. Os títulos Prisão Maior, Eva – Director’ s Cut, O Criado, Acidente, Mr. Klein – Um Homem na Sombra, estreiam em cópias digitais restauradas, a 19 de abril. A partir de 13 de maio é possível ver The Go-between – O Mensageiro, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1971. Em maio, há ainda quatro sessões especiais dedicadas a Losey onde são exibidos: Cerimónia Secreta, The Big Night, The Gypsy and the Gentleman e Modesty Blaise.

O Nimas, neste recomeço, exibe também vários filmes em estreia nacional. Assim, dia 19 de abril é possível ver Undine, do alemão Christian Petzold e Nomadland – Sobreviver na América, de Chloé Zhao. Dia 22 é a vez de Já!, documentário de Jim Rakete, que acompanha jovens, ativistas ambientais, na sua luta contra o aquecimento global. Neste dia, às 20h, a sessão é seguida de debate. A 29 de abril estreiam Mais Uma Rodada, de Thomas Vinterberg e O Começo, de Dea Kulumbegashvili.

O Cinema Ideal marca também o regresso às salas com a exibição de Nomadland – Sobreviver na América e ainda com quatro obras do cineasta sul-coreano Hong Sang-Soo: A Mulher Que Fugiu, O Dia em que ele chega, Mulher na praia e O Filme de Oki. Destaque para a estreia em maio, no dia 13, do filme WOMEN MAKE FILM – as mulheres fazem cinema, de Mark Cousins, acompanhado por Be Natural – A História Nunca Contada de Alice Guy-Blaché, sobre a primeira mulher realizadora da história do cinema, realizado por Pamela B. Green e narrado por Jodie Foster. Dois trabalhos fundamentais que dão visibilidade a cineastas inovadoras e imprescindíveis.

A Cinemateca Portuguesa reabre as suas portas no dia 19 de abril com um horário reduzido (duas sessões diárias na Sala M. Félix Ribeiro, genericamente às 15h30 e às 19h), mas com um programa diversificado, concebido como antecâmara da restante programação do ano. Até 30 de abril realizam-se 22 sessões que assentam em três eixos da programação: Brevemente neste cinema, que antecipa os temas de alguns dos principais ciclos a apresentar. Destaque para a inauguração do ciclo Os Mares da Europa, que não chegou a estrear em janeiro como estava previsto; Filmes portugueses em cópias novas, que inclui as primeiras exibições nas salas da Cinemateca de três trabalhos de laboratório feitos no âmbito da preservação e divulgação do cinema português, são eles O Movimento das Coisas de Manuela Serra (1985), Cartas na Mesa de Rogério Ceitil (1975) e As Armas e o Povo (coletivo, 1975); e por fim, Novas edições, que apresenta quatro sessões especiais articuladas com o lançamento de novas edições, da Cinemateca e não só.

Candidatos aos Óscares nos cinemas

Abril é também o mês dos Óscares (a cerimónia realiza-se a 25 de abril, em Los Angeles) e muitos dos candidatos têm estreia marcada já em abril. Nomadland – Sobreviver na América é um dos mais aguardados e aquele que marca abertura das nossas salas, a 19 de abril. Realizado por Chloé Zhao e protagonizado pela veterana Frances McDormand, segue Fern, uma mulher que perde tudo depois do colapso económico da cidade empresarial onde vive. Parte então, na sua carrinha, explorando uma vida fora da sociedade convencional, como uma nómada moderna. O filme venceu o Leão de Ouro para Melhor Filme no Festival de Cinema de Veneza e é candidato, entre outros, ao Óscar de Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Atriz.

Dia 29 de abril está prevista a exibição de Mais Uma Rodada, de Thomas Vinterberg, obra que representa a Dinamarca nos Óscares e que está nomeado, também, para melhor realização. A história centra-se em quatro amigos que decidem experimentar um estilo de vida controverso, aplicando no seu dia de trabalho a teoria que defende que o ser humano deve ter uma pequena quantidade de álcool no sangue, para conseguir uma mente mais aberta.

No início de maio, dia 6, chega às salas O Pai baseado na peça de teatro homónima, escrita por Florian Zeller, que assume também a realização do filme e que conta com Anthony Hopkins no papel de um homem fragilizado pela idade e pela perda da memória. Está nomeado para seis Óscares, entre eles Melhor Filme e Melhor Ator.

A 13 de maio, estreia mais um candidato a várias estatuetas douradas (seis no total), Minari, do cineasta coreano Lee Isaac, distinguido com o Globo de Ouro para Melhor Filme Estrangeiro. Uma obra que parte da experiência do próprio realizador que cresceu no Arkansas, no seio de uma família imigrante da Coreia do Sul e que homenageia, com este filme, a luta e determinação de todos os pais imigrantes que desejam um futuro melhor para os seus filhos.