Cinco galerias históricas de Lisboa

A Arte na cidade está bem e recomenda-se

Cinco galerias históricas de Lisboa

Lisboa fervilha com arte, disso não há dúvida, e a quantidade de galerias que existem são a prova disso. Das históricas às mais recentes, estes espaços asseguram que os trabalhos de artistas portugueses – e não só – sejam conhecidos e vistos, e contribuam ainda para a dinamização de um mapa cultural diversificado na cidade. Fiquemos a conhecer cinco das galerias históricas de Lisboa que privilegiam a arte contemporânea.

Nos últimos anos, têm surgido novas galerias que têm vindo a reforçar o panorama artístico de Lisboa, mas a verdade é que o dinamismo criador e artístico de Lisboa não é de hoje. No final da década de 1960, após a saída de Salazar da chefia do governo e a subida de Marcelo Caetano ao poder, assistiu-se a uma paulatina democratização na sociedade e um consequente interesse pela arte contemporânea. Foi nesta altura que surgiram as galerias mais antigas, algumas das quais ainda hoje em funcionamento, como a 111, a São Mamede, a Módulo, a Diferença e a Quadrum. São estas cinco que fomos conhecer.

GALERIA 111

Rua Dr. João Soares, 5B | 217 977 418 | www.111.pt
Terça a sábado, das 10h às 19h

Fundada em 1964 por Manuel de Brito, começou a sua atividade como uma livraria onde se faziam encontros regulares com artistas emergentes. Várias gerações de artistas expuseram nesta galeria, que nunca se manteve confinada a uma só geração de nomes históricos  conceituados. Desde o seu início até aos dias presentes, continua a ter a preocupação de promover a apresentação de exposições de um vasto conjunto dos artistas nacionais – e alguns internacionais – mais representativos.

GALERIA DE SÃO MAMEDE

Rua da Escola Politécnica, 167, e Rua Maestro Pedro Freitas Branco, 11A / B / 213 973 255 / www.saomamede.com
Segunda a sexta-feira, das 11h às 20h, sábado, das 11h às 19h

A Galeria de São Mamede surgiu em 1968 a partir de um antiquário, pela mão de Francisco Pereira Coutinho. O espaço chegou ainda a exibir algumas antiguidades, mas rapidamente, e a conselho de Cruzeiro Seixas, começou a expor artistas surrealistas. A galeria, que se dedicou
exclusivamente ao modernismo e ao movimento contemporâneo portugueses, com exibições pontuais de artistas estrangeiros, tem tido uma atividade artística regular, intensa e de qualidade, apoiada em artistas clássicos que sempre lhes estiveram ligados, como Areal,
Cesariny, o próprio Cruzeiro Seixas ou Nadir Afonso, mas também em artistas novos.

Vista de exposição; Earthkeeping/Earthshaking –arte, feminismos e ecologia; Galeria Quadrum; 2020. ©António Jorge Silva

GALERIA QUADRUM

Rua Alberto Oliveira, Palácio dos Coruchéus, 52 / 215 830 022 / www.galeriasmunicipais.pt
Terça a sexta-feira, das 11h às 13h e das 14h às 17h, sábado e domingo, das 10h às 12h

No início da década de 70 (1973), surgiu uma galeria que se revelou como um dos espaços mais importantes para a internacionalização dos artistas portugueses: a Galeria Quadrum. A Quadrum foi, aliás, a primeira galeria a internacionalizar-se com a sua participação na feira Art Fiera, em Bolonha, Itália, em 1977. Considerada como um “laboratório de arte experimental portuguesa” pela sua fundadora, a artista e colecionadora Dulce D’Agro (1915-2011), a galeria, que agora pertence à Câmara Municipal de Lisboa, incitou, logo em 1974, o lançamento de novos estilos artísticos em Portugal, trazendo do estrangeiro artistas de movimentos como a Op Art, a arte cinética, a Body art e a video art.

Vista da exposição de Pedro Chorão, Egipto, patente em novembro

GALERIA DIFERENÇA

Rua São Filipe Nery, 42 c/v / 213 832 193 / www.diferencagaleria.blogspot.com
Terça a sexta-feira, das 14h às 19h, sábado, das 15h às 20h

A Galeria Diferença foi um dos poucos~espaços que surgiram na segunda metade da década de 70, durante uma fase de profunda recessão económica. Não obstante, conseguiu manter as suas portas abertas até aos dias de hoje, marcando uma presença bastante importante no panorama galerístico lisboeta. A Cooperativa Diferença Comunicação Visual foi fundada em 1979 por António Palolo, Ernesto de Sousa, Fernanda Pissarro, Helena Almeida, Irene Buarque, José de Carvalho, José Conduto, Maria Rolão, Marília Viegas e Monteiro Gil. Criada como um espaço de artistas para artistas, esteve ligada ao lançamento de muitas carreiras e tendências marginais e polémicas da arte portuguesa. Ao longo das várias décadas a galeria apresentou mostras de diferentes géneros artísticos, da gravura ao vídeo, passando pela performance, escultura e instalação.

Vista da exposição Cavalo Verde, patente em novembro

MÓDULO CENTRO DIFUSOR DE ARTE

Calçada dos Mestres, 34 A/B / 213 885 570 / www.modulo.com.pt
Terça a sábado, das 15h às 19h30

A Módulo abriu primeiro no Porto, em 1975, e só em 1979 Mário Teixeira da Silva se mudou para Lisboa. A galeria propunha-se como um espaço cultural orientado para as novas tendências na arte contemporânea, que se revelaram nos finais da década de 70, e sempre teve as suas características identificadoras bem delineadas. Mais de quatro décadas depois, Mário Teixeira da Silva ainda se encontra à frente da Módulo, que continua a apostar nos artistas que representa, em artistas estrangeiros de reconhecido interesse na atualidade, na
fotografia contemporânea e na apresentação de novos artistas nacionais. Em simultâneo, a galeria tem desenvolvido um trabalho fértil na organização de exposições dos seus artistas no estrangeiro e, nos últimos 20 anos, tem vindo a participar em várias feiras de arte internacionais.