Carla Nobre Sousa e David Cabecinha

Alkantara, um festival de Lisboa

Carla Nobre Sousa e David Cabecinha

A semana começava intensa para Carla Nobre de Sousa e David Cabecinha, os novos diretores artísticos do Alkantara Festival. No dia anterior tinham sido os rostos da apresentação da edição 2020 do festival, até aqui bienal, de artes performativas. Visivelmente cansados, tiveram uma amabilidade extra para nós, que os fotografámos primeiro, para depois encetar esta breve conversa em torno de um festival que é já uma marca da cidade.

Que evolução se deu nas funções que antes tinham no festival e as responsabilidades agora assumidas?

Carla Nobre de Sousa (CNS) –Trabalhei na edição de 2016 como coordenadora de produção, e em seguida integrei a equipa permanente do Alkantara. Na edição de 2018 fui assistente do anterior director artístico, o Thomas Walgrave. Foi o ano em que o David entrou e quando o Thomas saiu assumimos juntos a direção artística.
David Cabecinha (DC) – No meu caso comecei a colaborar com o Alkantara em 2018, edição que acompanhei, no fundo para me preparar para assumir com a Carla a direção artística.

A programação desta edição é inteiramente do vosso critério?

CNS – O último festival foi em maio de 2018, já passou algum tempo. O festival até acontecia de dois em dois anos, a partir de 2020 vai passar a acontecer anualmente. Fomos nós que começámos a programar do zero, sim.

Convosco na direcção artística, o Alkantara será predominantemente um festival de dança?

DC – Não é essa a nossa intenção. Neste momento julgo que existirão mais projetos que podem ser identificados como dança, ou que surgem de práticas relacionadas com a dança, mas temos estado à procura de experiências ou de projetos de artes performativas que não sejam necessariamente entendidos como dança ou como teatro.

As vossas sensibilidades e escolhas enquanto programadores assemelham-se ou complementam-se?

CNS – Isso é uma relação que estamos a construir também. A pergunta é complexa. Não nos conhecíamos bem quando começámos a trabalhar juntos. É a primeira vez que estou a fazer programação, e o David já tinha alguma experiência anterior. Estamos a construir os nossos interesses para o Alkantara em conjunto.

DC – Ao longo do caminho, até chegar a esta programação que apresentámos ontem [13 de outubro], fomos discutindo as propostas e percebendo como é que elas se articulavam, o porquê de escolhermos um projeto em detrimento de outro, e fomos percebendo que visão pretendíamos dar com esses projetos, com os que ficaram e com outros que íamos vendo e discutindo.

Qual a importância da presença de artistas internacionais na identidade do festival?

DC – A presença de artistas internacionais é um dos pilares da identidade do festival. Este festival existe, como o conhecemos, por trazer aos palcos de Lisboa e promover esse encontro, dos artistas internacionais e dos artistas locais, ou que trabalham a partir de Portugal. Trazermos artistas internacionais serve para podermos abrir horizontes ou cruzar práticas entre pessoas de diferentes proveniências, contextos, e sensibilidades, e perceber o que nos pode enriquecer enquanto pessoas, comunidade artística, e sociedade.

Existe vontade de levar o Alkantara a outras cidades do país, ou manter-se-á exclusivamente em Lisboa?

CNS – O Alkantara é um festival de Lisboa.