Noiserv

"Os meus discos contam sempre histórias da minha vida"

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Quatro anos depois de ter lançado 00:00:00:00, David Santos (mais conhecido por Noiserv) apresenta o quarto disco, Uma Palavra começada por N. Composto por 11 canções, o novo álbum é inteiramente cantado em português, apresentando uma estética arrojada, algo a que o multi-instrumentista já nos habituou. O concerto de apresentação acontece a 13 de novembro, no palco do Teatro Tivoli BBVA.

O teu novo disco chama-se Uma Palavra começada por N. Essa palavra remete para o teu nome artístico?

É uma das hipóteses, mas não obrigatoriamente a única. O que mais gosto no título é precisamente o leque de possibilidades que oferece.

O disco saiu em setembro, mas foste lançando vídeos no YouTube a partir de final do ano passado. Por que motivo optaste por ir revelando todo o álbum aos poucos?

Quis que cada uma das músicas tivesse o seu tempo, o seu período dedicado, tentando contrariar a “ditadura” dos singles que por vezes ofuscam o resto do disco.

Passaram quatro anos desde o teu último disco, 00:00:00:00. Não te impões um prazo para lançar discos? Preferes amadurecer as músicas?

Imponho-me prazos, mas não fixos. Há uma altura em que sinto que quero começar a trabalhar um disco novo, mas acabo por lançá-lo apenas quando estou totalmente satisfeito com o resultado, e isso nem sempre demora o mesmo tempo.

O último disco era praticamente todo instrumental, apenas tinha alguns momentos cantados em português. O que te levou a gravar um álbum inteiramente em português?

Precisamente o início da tua pergunta, senti que depois do disco de 2016 era isto que queria fazer.

Que história(s) pretende contar este disco?

Os meus discos contam sempre histórias da minha vida, anseios, dúvidas, receios, coisas boas. Este passa também por aí.

Como sempre, o lado visual deste disco foi pensado ao mínimo detalhe. Para ti a experiência visual é tão importante como a sonora?

Acredito que tudo é importante. Tudo começa na música, mas acredito na coerência entre todos os materiais que acompanham a música. E é verdade que muitas vezes um disco começa a ser ouvido ainda não se pôs a música a tocar.

A tua música parece feita para uma banda sonora e convida à introspeção. É o reflexo da tua maneira de ver o mundo?

Acho que sim, talvez seja intropetivo em demasia às vezes, mas é assim que as coisas me fazem sentido. Musicalmente é também aquilo que mais gosto de fazer.

Nos teus concertos apresentas-te sempre num palco cheio de instrumentos, que manejas com uma habilidade incrível. Não sentes falta do apoio de uma banda?

Não penso nisso. Noiserv surgiu desta forma, com as suas vantagens e desvantagens, mas faz parte.

O concerto de 13 de novembro, no Tivoli, serve de apresentação ao novo disco. Os fãs podem contar com algumas das músicas mais antigas também?

Sim, acredito sempre que um concerto deve conseguir reunir músicas dos vários discos de cada músico, mesmo que o foco seja no novo trabalho.

Muitos artistas consideram que o confinamento foi uma altura bastante inspiradora e propícia a criar. Sentes o mesmo? Que impacto tem tido em ti toda esta experiência?

O que me inspira são as pessoas, as conversas cara-a-cara, os olhos das pessoas… O confinamento tirou-me isso. Criativamente, foi o pior período dos últimos anos. De resto, há que lidar da melhor maneira com o que temos e seguir em frente.