micro-entrevista
As ’70 voltas ao sol’ de Jorge Palma
Músico comemora aniversário com concerto online
Jorge Palma completou 70 anos no dia 4 de junho. O carismático músico português celebra a data com um espetáculo comemorativo, onde será acompanhado por um ensemble clássico (conduzido pelo maestro Cesário Costa), e que conta ainda com a participação de Cristina Branco e Dead Combo. O concerto decorre dia 12 deste mês, às 21h30, e terá transmissão online nas redes sociais do artista, da Câmara Municipal de Lisboa e da EGEAC.
É um dos mais emblemáticos músicos nacionais, que atravessa gerações e continua a apaixonar quem o ouve. Jorge Palma começou a estudar música clássica ainda criança, mas foi na adolescência que sentiu o chamamento do rock. Para além do piano, aprendeu a tocar guitarra ao mesmo tempo que foi crescendo em si uma curiosidade pela música popular anglo-saxónica.
Fugiu à guerra e exilou-se na Dinamarca, onde nunca deixou de compor. Depois do 25 de Abril, o músico regressou a casa para, em 1975, gravar o primeiro LP, Com uma Viagem na Palma da Mão, que inclui canções compostas durante o exílio. Depois de lançar o segundo álbum, voltou a sair do país, passando a ser presença assídua nas ruas de várias cidades, onde cantava e tocava guitarra. Fixou-se, entretanto, em Paris, onde tocou no metro durante alguns anos.
Quando regressou a Portugal lançou alguns dos seus discos de maior sucesso, como O Lado Errado da Noite (1984) ou o Bairro do Amor (1989), por muitos considerado um dos melhores álbuns portugueses do século XX. Seguiram-se outros álbuns que viriam a marcar a história da música nacional, como Só (1991) e Voo Nocturno (2007).
Embora seja mais conhecido pela sua carreira a solo, Jorge Palma integrou ainda os projetos Rio Grande e Cabeças no Ar e, mais recentemente, partilhou o palco com Sérgio Godinho no projeto Juntos.
Compositor, poeta, rock star, boémio. Qual destas facetas o define melhor?
Compositor/intérprete e boémio também, um pouco menos inquieto agora.
Como reage quando alguém lhe diz que a sua música lhes mudou a vida?
Sorrio e desejo-lhe(s) boa sorte, já que teria sido ao som de uma canção minha que se conheceram, namoraram ou casaram.
Se só pudesse ser recordado por uma canção, qual seria?
Talvez Só.
Tem algum álbum preferido, ou os álbuns são como os filhos?
Os filhos e os álbuns preenchem áreas bem diferentes nos meus “leques” emocional, cognitivo e sensorial, não consigo preterir um filho em favor do outro. Quanto aos álbuns a escolha é difícil, tendo em conta que cada LP corresponde a um período específico da minha vida, mais ou menos longo, e que todos eles me trazem à memória múltiplas e variadas estórias. A escolher, teria de ser o primeiro: Com uma Viagem na Palma da Mão (1975) (por ser o primeiro) e talvez o Só, que, não sendo de originais, ilustra o meu percurso entre 1975 e 1981.
De todos os duetos que fez, qual foi o mais inesquecível?
Os intérpretes com quem tenho feito duetos, em disco e em palco, são tantos, que seria preciso uma página (ou mais) para citá-los a todos. Saliento a minha colaboração de longa data com Sérgio Godinho, com quem recentemente partilhei o palco em concertos de duas horas na digressão Juntos, que nos levou a percorrer o país inteiro ao longo de quase dois anos e da qual resultou o CD/DVD homónimo. Destaco também os meus encontros musicais, em disco e em palco, com Cristina Branco, de novo minha convidada neste próximo concerto em orquestra, a 12 de setembro.
Com que músico/cantor da nova geração gostaria de trabalhar?
Talvez Salvador Sobral, excelente músico de grande expressividade, energia e imaginação.
Se fizessem um filme sobre si, que ator lhe daria vida?
Sean Connery.
Como é celebrar 70 Voltas ao Sol com um concerto sem público presencial?
Vai ser um pouco estranho mas, sobretudo, uma grande festa.
Para quando um novo disco?
Sou capaz de ter disco novo gravado até ao final do ano, logo se verá.